Aquele que faz o bem, é passivo de provocar o mesmo sentimento de aversão de quem faz o mal
Em um mundo onde cada ação reverbera, aquele que faz o bem nem sempre é recebido com gratidão. Assim como o mal pode ser alvo de aversão, a prática do bem também carrega consigo o peso das reações opostas. Para muitos, o bem, quando praticado com persistência e firmeza, desperta resistência, desconforto, e até hostilidade.
É uma contradição silenciosa: o bem incomoda. A benevolência, a retidão e a honestidade revelam, sem palavras, as falhas alheias. Quem observa, ao se ver confrontado com a bondade, é também forçado a refletir sobre a própria moralidade e intenções. Muitas vezes, essa reflexão involuntária gera um desconforto incômodo. Como se o bem representasse um espelho das próprias limitações, cada gesto nobre cobra do outro a consciência do que ele mesmo não é, do que deixou de ser, ou do que reluta em se tornar.
Assim, tanto o bem quanto o mal despertam aversão, mas por motivos distintos. O mal é repelido pelo instinto, pelo perigo que representa. Já o bem é rejeitado, não pela ameaça, mas pelo desafio que lança, a pressão silenciosa de uma existência íntegra. Fazer o bem não é apenas uma escolha, mas uma ousadia. É tocar no nervo sensível da consciência alheia e expor, ainda que indiretamente, a fragilidade humana.
Paradoxalmente, então, a presença do bem não é garantia de aceitação, mas de inquietação.