A quem importa

Oi, DEUS, Olá, E aí…

Acho melhor manter o Senhor DEUS normalmente utilizado em minhas orações. Acredito que nem faça tanta diferença a maneira como o chamamos, desde que chamemos em algum momento, mas cresci cultivando um enorme respeito pela sua figura, o que me impediria de adotar uma linguagem tão coloquial. Sei que há razão em todas as suas decisões. E sei que apesar de não ter atendido os insistentes pedidos para tornar-me uma garota quando criança, o fez por algum motivo. Talvez para eu aprender que poucas coisas são resolvidas com mágica. A mágica é nada além de esforço e fé, alguns incluiriam sorte, que cá pra nós, nunca tive, de repente por nem existir. Certa vez me disseram que DEUS odeia pessoas como eu. Quem fez tal declaração sequer imaginava estar diante de uma das criaturas, segundo ela, estranhamente bizarras e condenadas desde já ao calor do inferno. Não me entristeceu ter ouvido isso de alguém especial, não me senti bizarra e tampouco tive medo de arder eternamente em enxofre. A única coisa em que pude pensar foi na discrepância entre nossas definições de religiosidade e fé. És um PAI amoroso. Não te alegra a constante sensação de inutilidade, nem os nove pensamentos suicidas que tenho a cada dez. Não te faz bem constatar que a minha existência tornou-se um fardo pesado demais, uma contagem regressiva para o final. Acredito que a felicidade quando não faz mal ao próximo, é justa. E algo tão pessoal, tem mesmo que ser diferente para cada um. O conceito é individual, a funcionalidade também. Não pretendo ser infeliz para causar felicidade alheia, mas ainda é difícil pensar que externar a minha real essência implicaria em perdas, de gente até. Sei que me fez assim. Sei que me ama como sou. E sei que faz parte do plano invocar a coragem que está perdida em algum canto para enfrentar a vida com verdade genuína. Nunca desistindo, nunca duvidando, nunca matando a mim nem em mim a esperança de um dia, com mágica, sorte, ou o que quer que seja, tudo ser resolvido. A felicidade será motivo de orgulho, quem sabe só meu. E novamente... cá entre nós, é só a mim que deve importar.