A ira dos tempos
A lua vivendo em um mundo de escuridão
Enquanto sobrevivemos as nossas tragédias
Iludidos entre o primeiro passo e um sorriso
Em todas as esquinas uma nova ajuda recorrente
Sempre com uma mão trêmula estendida
Na direção de quem estiver mais perto
Para quem esta perdido qualquer um serve
A conveniência atípica e as oportunidades reais
De olhos bem fechados pronto para fugir
A direção nem é importante nesta hora
Pois as escolhas atrapalham o destino
Se você parar para pensar a cada instante
E de nada adiantaria uma decisão inconstante
Enquanto você ainda é um indivíduo incompleto
Sentindo toda a culpa em seus ossos cansados
Uma doença incrustada no genoma, sem cura
Que sempre estará lá quando você acordar
Um resquício antigo de uma alma velha
Perdida em um tempo relativamente diferente
Uma marca do passado que persiste
Que vem de muito longe e causa um dissabor
Uma sombra que atormenta a existência
Que torna real cada pesadelo impossível
Distorcendo assim o mais sensato dos sentimentos
Que acabou de quebrar-se em vários pedaços
O pesar vira o mais importante dos combustíveis
Que inflama o seu peito com a ira dos tempos
Consternando os desejos mais secretos e obscuros
Trazendo à tona o que você mais deseja esconder
Fingir não ouvir as vozes seria uma ótima alternativa
Ou uma porta aberta para a insanidade do mundo
Que ficou totalmente preservada dentro de você
Um abraço apertado da loucura interior
Vivendo entre dois mundos paralelos
Acorrentado no seu próprio ser errante
Sem ter nenhuma alternativa viável
Preso em uma vida promissora que não é sua
E a cada nova história só aumenta essa dor
Por saber de todo este horror e ansiedade
Que persiste lá fora, longe dos olhos
Onde todos seguem as suas convicções
E completam os seus dias com mais mentiras
Que são aceitas aos olhos dos que convivem
Por serem mais leves e agradáveis
Do que a verdade que foi esquecida
Da nossa realidade singular e tangível