Angústia

Vivemos a tentativa de conhecer o sentido de viver. A cada dia respiramos, amamos, sofremos e sorrimos na angustia de sermos os seres mais paradoxais do universo. Já diziam os antigos gregos sobre a mutabilidade que compõe o homem, outrora o Lulu Santos nos relembra que somos como uma onda no mar. Ah, nada do que foi será! Passados e presentes se somam numa manhã sendo escritos por nossos olhares acerca do mundo e nesse vai e vem de domingo a segunda, olhamos para o céu, caímos e sempre na busca do viver. Mas o que é viver? A gramática taxa sua intransitividade em verbalizar o infinitivo desse termo... o senso comum informa no hospital que o homem tem vida, o eletrocardiograma desenha num zig-zag um ritmo frenético cuja tradução diz “vidaaa”. A vida está naquela manhã que o despertador sonha em anunciar, “acorde!” e com preguiça de vivermos seguimos a rotina do viver. Às vezes vivemos todos os dias iguais aos outros, alguns dias até mais e a vida vai e vem... ora e outra surge um STOP! Ela para num soluço, depois vive num abraço quente, cai numa lágrima salgada... se ergue e levanta numa palavra. E os anos vão descascando as cascas experimentais das horas... e a vida, aquela que morre e ressuscita, não diz nada. Tantos segredos o futuro confidencia com a vida, mas ambos permanecem em sigilo.

A pressa chega, as angustias de viver querem as respostas da vida, mas ela impaciente mantém firme seu silêncio. Queremos dados assertivos, verdades nas provas, caminhos iluminados, noites de verão, eu te amo num olhar, amizade sem furo, confiança nos sorrisos, chuva sem tempestades... e o mundo sem duvidas.

Como queremos demais da vida! Atormentada diante de tantas inquietações humanas, ela apenas nos dá a liberdade para de fato viver e assim, cansada desse mundo confuso, a vida enfim dorme no mistério do amanhã e na cor que escolhemos hoje para colori-la.

Borboleta ao vento
Enviado por Borboleta ao vento em 15/07/2016
Reeditado em 15/07/2016
Código do texto: T5698824
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