Vermelho

Era fácil imaginar uma canção no fundo com seus cabelos avermelhados ao vento, com um sorriso que nunca foi menos que sincero. Como também era fácil abraça-la e sentir o conforto de se estar em casa. A sensação que se tem com o cheiro de roupa lavada, do bolo da avó, de grama molhada, era a mesma quando ela cruzava o seu olfato.

Era fácil admitir que tudo que ela causava era farta de harmonia. Nada era menos que doce, leve. Até seus extremos eram calmos. Serena como a brisa de litoral, afagando os cabelos sutilmente. Era paz.

Era fácil se envolver. tocar lhe a pele e não conseguir pensar em alguma coisa que não fosse estar ali. Cruzar os olhos e ver a sinceridade que a situação propunha. Sem medos e inseguranças. Pureza, de um momento tão banal.

Era fácil rir de suas falácias. Não apresentava malicias, mas em contraponto apresentava tudo o que precisará para manter ouvidos atentos. Insegura sempre se achará inapropriada, mas não pecava na pronuncia de suas histórias.

Era fácil divertir-se em sua companhia. O riso frouxo permitia que se sentir a vontade não fosse um desafio. A vontade de experimentar o mundo não lhe assustava. Querer e fazer, em suas mãos podiam ser sinônimos. Mesmo que lhe doesse as pernas, dançar não era um sacrifício. E se a música fosse triste, mesmo assim estava disposta a cantar.

Era fácil ter sua compreensão. Sua inocência ou falta dela a permitia ser branda. E por mais que fosse contradizer a si, mesmo assim ainda poderia perdoar e seguir em frente. Sua irritação evidente, era testemunha de sua transparência. Mas o sorriso de lado denunciava suas desculpas.

Era fácil apaixonar-se. encantar-se com cada fragmento que vinha de si. Sentir-se feliz sem esforços. Não precisar andar de montanha russa pra ter o frio na barriga.

O difícil, era não feri-lá.

Patrícia Campanholo Pereira
Enviado por Patrícia Campanholo Pereira em 14/07/2016
Reeditado em 11/08/2019
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