Angélicus
Penso em escrever
As palavras se esvaem
Pois, temo ser
Quem não sou mais
Sigo à esmo
Encontro rostos
Mãos que se tocam
Lânguidos lábios de veneno
Penetrou minhas veias
Percorreu-me o sangue
Não o temi
Fiz-me ali
Dois corpos em ânsia
Sob a luz tênue
És tão frágil
Meu adorno de cristal!
Penso em parti-lo
Quero partir!
Estilhaços me fazem mal...
Vou guardar
Um anjo fugidio
Em minhas mãos
Doces olhos castanhos
Amêndoas doces
Ainda sinto o gosto
O cheiro açucarado
Do seu hálito exalado
Canta o galo
Cante em meu chegar
Canta para o sol nascer
Cante para meu ninar.