Não é você, sou eu

E num mundo com tanta gente cheguei à conclusão de que odeio gente. Para não chocar usaria a desculpa preferida dos cajestes ao despedaçar corações, diria: _ "O problema não são as pessoas, sou eu." E nem estaria mentindo. O problema sempre fui eu. A não identificação. A não aceitação. O não entendimento. Abrir a porta e dar de cara com os mesmos rostos de sempre, que ao dizerem nada, apenas com olhares, lembram-me dos fantasmas que pensei ter deixado presos no quarto. Bobagem minha! Não conseguiria tamanha proeza. Assim como ainda não consigo me livrar da corrida com obstáculos que tornaram-se as esporádicas saídas. Pessoas e verdades inconvenientes surgem incessantemente e nunca completo essa prova em tempo hábil. Tom Jobim me diria que é impossível ser feliz sozinho. Impossível é ser feliz acompanhada de quem pensa me conhecer e apenas me exerga. Os convidaria para um papo com os fantasminhas nada camaradas que dominam tudo aqui, mas esse lado obscuro do ser humano é avesso às visitas. Na volta pra casa, o portão preto, meio enferrujado é a visão que acalma. É descanso e também solidão. É o pódio, a linha de chegada. E o único prêmio é o isolamento.