O CAMINHO DE HELENA

( Inspirado no texto "curta-metragem",

da recantista Joalice Dias Amorim.)

Obrigado!!

Quando tomei o caminho da direita, eu conheci minha Helena. E não muito mais tarde eu amei a helena, e vivi para ela, então casei-me com helena, e logo tivemos filhos. .., morávamos em uma casinha charmosa, que ficava numa rua pacífica e assossegada, havia um portão colorido de madeira , o quintal era florido e nosso cão tinha alguns pêlos azuis. Pois Helena era meio que maluca, ela pintava tudo que lhe parecia ser cabelo. Pintou o seu de azul, de vermelho e de rosa e de laranja e de verde. Era isso que eu gostava nela. Ela conseguia ser diferente de várias formas possíveis, e cada vez que eu a via, era como se fosse a primeira vez..., e assim foi por toda sua vida, até que a Helena morreu. Sim, minha Helena morreu. Mas, eu não caí em desespero, ela ainda morava em mim, existia em minha existência, e havia me dado uma filha antes de partir..., a pequenina herdou seu sorriso, e quando sorria, a helena novamente renascia para o mundo. Eu era feliz aqui. ..

No caminho da esquerda, havia o medo, a vergonha, a fuga da tolice, do ridículo. Lá não morava a Helena, eu nem mesmo poderia cruzar com ela na rua. Eu era sozinho e covarde. Pensava no quão ridículo seria se dissesse o que sentia. .., perdi pessoas antes de falar o quanto as amei, estudei aquilo que justamente não me serviria de nada, arrumei até um emprego que transformava minhas qualidades em coisa alguma, vivia meus dias apenas para poder retornar ao dia seguinte, e depois, ao próximo. Escrevia versos na intenção de transcender a mim mesmo, e por fim, deixar de existir somente naquilo que era eu. Na esquerda só existia a dúvida e a ordem de se viver. Eu não era feliz...

As vezes penso que em algum momento deixei de entrar na rua que me levaria a mudar o mundo, ou na verdade eu até entrei e o mundo verdadeiramente mudou, mas deixei de mudar a minha vida, ou, eu também a mudei, só não gostei do que fiz dela. Mas culpo também a Helena, sim a Helena! Ela não se permitiu errar, não deu o braço a torcer quando teve a chance, nunca mudou seus caminhos, nunca desejou fazer outras coisas. Em qual rua, meu Deus, eu perdi a possibilidade de ser feliz? Onde foi que eu não vi a Helena passar..., fui fiel a reputação, fui um defensor dos bons costumes, praticante do "normal". Fugi de todas as críticas, subi grandes degraus em busca da felicidade, mas de lá só avistei o medo e a solidão.

Em algum lugar no mundo há pessoas esperando para serem felizes, e quem sabe se um dia serão? Nunca poderei viver o que poderia ter sido, e essa talvez, seja a maior lamentação em minha alma; viver em busca do que não fiz, pois o que fiz, apenas trouxe-me até aqui, ao nada....

Se eu me jogasse ao ridículo, provavelmente teria a Helena, e não estaria agora invejando a vida que não tive, mas, talvez eu a tenha, num futuro hipotético de um caminho que ainda não tomei.

Texto dedicado à Helena que eu nunca conheci.

Um Rapaz Meio Estranho
Enviado por Um Rapaz Meio Estranho em 08/07/2016
Reeditado em 15/07/2016
Código do texto: T5691809
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