GRITO
Talho as palavras onde as sinto e ouço
dentro de mim elas falam num universo pontilhado
nas imensas letras que te entrego em cada pensar
tento aprisionar-te nesses grilhões
onde as palavras se unem
e faço de ti escultura do meu querer-te
onde apago os traços de mim
eu não te penso
sei que te respiro naquele sentir onde pensar é existir
entrego-me ao som de cada chamado em que aqui te escrevo
e mergulho na sombra de vida
do sangue que irriga meu ser
sou a forma e a força
que do meu coração pulsa a cada dia e noite mais
embriago-me numa azáfama de sentires inacabáveis
e tento soltar-me de mim
desaparecendo em cada respirar
quero ser uma sombra de mim mesmo sem existência
ser aquele outro lado do espelho
de tudo quanto se olha e sente
não quero o mundo pisado debaixo do meu caminhar
onde tu és a luz que me chama
e saber-me ouvido em cada grito
que solto nos grilhões dessas palavras, grito-te a cada momento mesmo na escuridão , não o ouço o sussurro nas noite distante . Armenio Pereita & Licia Madeira