Elocubrações
Ah, luta essa em vão. As palavras me traem. Assim como meus sentidos, esse estado estático de espírito. Não quero usar nenhuma genialidade, porém não cair em generalidades. Quero fazer com que saia o que está em mim, eu tenho esse direito! De que forma, se bela metalinguística ou se torpe e simplista, não importa... quero apenas como poeta, tola e analfabeta, fazer com que exista o que há. Novamente as palavras me traem... retraem o que sinto, para se mostrarem. Exibidas, tolhem meu espaço. Vou tentar... afinal, o que é a vida se não uma decorrência macabra e viciosa de tentativas? Por que aqui entre papel, eu e escrita, seria diferente? Tentarei, vamos lá... Tenho as mãos trêmulas, o coração pesado... ah palavra, não me traia novamente! Diga-te! Encontra-te! Mostra-te agora! Engraçado aos olhos do leitor esse quase duelo de eus. Uma sutil percepção: a polaridade que as mais diversas coisas podem assumir. O que para mim é uma desesperada necessidade, para ti é sinônimo de distração, e admiração, que seja... Um gole seco, rascante... vinho. Meu eterno companheiro de batalha. Voltando a mim, se é que alguma vez eu fui... sentir é complicado. Expressar tais sentimentos na amálgama léxica das palavras mais complexo ainda. Ninguém quer ir a lugar nenhum sem contar qualquer bela história no fim... seria mais interessante à mim, esperar para ver a moral do fim. Sou igualmente a ti, expectadora. Nem essas palavras tornam-me ativa, apenas despertam a letargia que há em mim... mas há prazo de validade para isso também. Esperar cansa, atrofia... então, eu escrevo, me arrisco nesse campo tão obscuro... Ah, palavras... não fim, vocês nunca me traem. Mais um gole. Rascante.