É INEVITÁVEL SOFRER

A crença cega no amor e na felicidade, a grande valoração do bem estar afetivo, independente das tensões e conflitos cotidianamente vividos, tanto no âmbito privado quanto publico, expõe a fragilidade do individuo e a precariedade de suas estratégias simbólicas de codificação de mundo e de sobrevivência no contexto da contemporaneidade.

Somos, de modo geral, relutantes em admitir o quanto somos, em alguma medida, frustrados e infelizes, pois fomos educados para o sucesso e para a felicidade, para buscar incondicionalmente o prazer, mesmo sabendo que uma existência prazerosa não passa de uma cândida utopia. Sempre estaremos administrando insatisfações, ansiedades e tensões. E não devemos nos sentir culpados e pessoalmente fracassados por isso.

Não existem vidas perfeitas e só podemos medir o prazer através da quantidade de desprazer que cotidianamente também somos obrigados a suportar.

Portanto, sejamos razoáveis. Não é aconselhável construir expectativas e realizar grandes investimentos afetivos na realização de qualquer projeto pessoal ou conjugal de felicidade. Não importa nossas escolhas, nosso talento para lidar com as situações, empenho e determinação; em algum momento nos daremos conta de que nada saiu como o esperado. A realidade é sempre mais complexa do que nossas estratégias e objetivos.

De um modo geral estamos fadados a uma boa cota de sofrimento e decepção ao longo da vida.