RECADO MAL EDUCADO

Algumas mentes tacanhas ainda pensam que, por ser homem, eu tenho que empostar a voz e falar grosso, não posso chorar nem demonstrar fraqueza.

Pensam que, por ser poeta, tenho que falar de coisas amenas, flores, amores e anjos tocando lira... e que, já que sou um sujeito educado, tenho que manter-me assim, um poço de suavidade e cordialidade.

Ora, ser macho não significa ser machão, ser rude ou roncar grosso feito um gorila mal humorado. Nem ser imune às emoções, pois tem dias em que tudo o que eu desejo é colo e afago. Ou, como diria Quintana: “A nós bastem nossos próprios ais, /Que a ninguém sua cruz é pequenina. /Por pior que seja a situação da China, /Os nossos calos doem muito mais...”

Às vezes minha inspiração está mais para “Ouro de Tolo”, do Raul Seixas, do que para Vinícius de Moraes. Nem sempre anjos de bundinha rosada pousam na minha poesia, principalmente se for segunda-feira e mais um pulhítico safado foi pego metendo a mão no que é do povo...

E pra todos que esperam que eu seja sempre cordato, manso e gentil feito um mancebo de novela:

-Dizem que o silêncio é a melhor resposta, mas um “vão tomar no cu” me alivia muito mais!*

*A última frase eu vi no Facebook e achei hilária.