Dias
A esperança do acaso, da surpresa. O ato de apenas esperar. Sem o ceticismo de concluir que acaso é mero conto popular e agir de acordo com a mudança que espera.
Nada como um dia após o outro.
Disse o ser que não tem conhecimento dos dias exatamente iguais. Da monotonia e cansaço de uma rotina regada a frustrações. Talvez o fator que não permite que a mesma seja quebrada, mudada. Um ciclo.
Dançar conforme a música. A música que não toca mais, mas continua na cabeça. Que enjoou, que já não tem mais graça, que nem se pode mais imaginar como gostou um dia.
Admitir o desconforto por simples medo de que possa ser pior. miserável a esse ponto.
As formas já não são as mesmas. as cores. os cheiros. os gostos. as pessoas. Passam a ser amargas, desconfortáveis aos sentidos. A plena aflição de não estar em casa. Não se habitar. Algo mudou? Ou ficou muito tempo sem mudar?
Incertezas, certezas demais. Uma confusão entre dois paralelos que já não entram mais em harmonia. Sente? Fracasso. Não sente? Fracasso.
A tentativa desesperada de se entender, levada ao extremo diversas vezes. Testada de varias formas. A ponto de se entregar a vulnerabilidade de sentir tudo veemente. o vento que arrepia cada fio da pele. o beijo que desvenda todos os músculos que se movimentam no ato. o som que atravessa os ouvidos. um único toque que se permite sentir em todo o corpo. Liberto de razão.
Ou contrária, ignorando toda delicadeza que estivesse envolta.
Extremos, inúteis a longo prazo.
O tormento desolado. Que ao repousar se alastrava, e mais um dia era de aparência infindável. Desprezível a tentativa de sossego a si. Duvidas. Duvidas.
Vence o cansaço.
O olhos já não enxergam mais o mesmo. a reflexão já não era tão trágica. Já havia mudado a si. mudado de si. era a sensação que tinha.
Todavia estava em casa novamente. e só mudará os móveis.