"Turvaria" ...
Atiro calmo, sofro calado, engulo meu remédio diário, envenenando-me aos poucos, calo. Tiros precisos, mudos, sem voz, nem vez... Nem vós que sois sós... Que sois sóis, ferventes, porem quietos, entenderia de fato o que falo... o que faço... Em minhas inquietudes, gélidas, de vozes mudas, céticas e condenadoras... Condenadas, fadadas ao velho erro... Fardadas... Mais uma golada... Gelada é a voz tremula, sem drive, lisa... Desliza, como em um tobogã de sons, caindo, escorregando ao infinito... Ensurdecedor é o grito, inaudível à platéia imaginária, que sempre cala e atira... Fria, bebe mais um gole da mais gelada bebida, e o mais puro cristalino, mancha, e marcha como que ao som de trombetas, inaudíveis ao expectador, que nada entende ao se deparar com tal cena... Como quem comemora o sangue ao chão, desmancha-se em sorrisos, danças, cristais... com seus fogos, e ânsias, de criança,... Sem paz sem pais... Bebem, calam, atiram... Fedem. Como o mais impuro lixo... O mais valioso luxo "desluxuria-se"... O tintinar de talheres de ouro, desafina... O cristal da taça se rompe, frente a melodias tão vis... A bebida esquenta, perde o doce... E a voz, cala. A vez passa... E à vós, o veneno...