Espeto de supetão
Um espeto, um sopro, um soneto,
a vida, num pálido,
a gente, bicho esquisito
olhando pra tudo
porque veio do nada.
Da cerveja que está no copo
do desejo que está no copo
da vida que não saiu do copo
porque não foi tomado por ninguém
Iça vela
Marabela
poeta escravo do tempo
não deixe que ela se vá;
porque se vai o oceano da existência,
como quem chama por clemência
pra que não confundam minha ausência
com o desejo vivo de ser outra coisa
senão eu mesmo
um espeto, um sopro, um soneto,
carne trêmula, num pálido,
eu mesmo, bicho esquisito
olhando pra tudo
porque vim do nada.