Espeto de supetão

Um espeto, um sopro, um soneto,

a vida, num pálido,

a gente, bicho esquisito

olhando pra tudo

porque veio do nada.

Da cerveja que está no copo

do desejo que está no copo

da vida que não saiu do copo

porque não foi tomado por ninguém

Iça vela

Marabela

poeta escravo do tempo

não deixe que ela se vá;

porque se vai o oceano da existência,

como quem chama por clemência

pra que não confundam minha ausência

com o desejo vivo de ser outra coisa

senão eu mesmo

um espeto, um sopro, um soneto,

carne trêmula, num pálido,

eu mesmo, bicho esquisito

olhando pra tudo

porque vim do nada.

Alexandre Bonilha
Enviado por Alexandre Bonilha em 19/06/2016
Reeditado em 20/01/2017
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