Quando estamos passando por momentos de luto, a dor é tão grande que fica dificil sair deste labirinto, as pessoas  tentam nos passar a energia da força, numa carinhosa retórica dizendo que a gente precisa ser forte...

Esta dor quando calada, mascarada, disfarçada, negada, ah! esta dor transforma-se em doenças,
em delirios, em fugas que conduzem a abismos, 
em depressão, lento suicidio.
 
Quando a dor nos dilacera,
é necessário mais que tudo a coragem da entrega,
da humildade para libera-la, para que permitamos que ela, a dor, seja sentida, profunda e intensamente,
para que saia,para que exploda num grito angustiante, silencioso, horripilante, produzido entre dores e lágrimas, exatamente como acontece com a mulher grávida nos estertores dilacerantes da dor do parto.

Enquanto ela, a grávida, pari seu filho,
os desesperados pelo luto, pelas perdas,
parimos enfim, a força,
a frágil semente que nos dará condições para recomeçar,
passo a passo,silenciosamente, dolorosamente...

E assim vamos caminhando,
nós, em eterna construção...
da vida para a eternidade.
Mariangela Barreto
Enviado por Mariangela Barreto em 19/06/2016
Reeditado em 19/06/2016
Código do texto: T5672111
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