A vida tem pressa, mas é preciso diminuir o ritmo
Eu sinto a vida pulsando apressada dentro de mim.
Ela parece gritar:
“- Vai lá, molenga! Levanta essa bunda desse sofá e corre atrás das coisas! ”
A vida tem pressa. Afinal, são tantas investidas em vão, tantos erros cometidos ao longo da jornada, tanto tempo perdido!
De repente, você olha por sobre o ombro e percebe que seu andar mudou. Não está mais correndo, nem mesmo andando a passos largos. Parece que, nesse andar vagaroso de quem reflete sobre o caminho já percorrido, você se depara com a sutil percepção de que precisa reduzir o ritmo.
Vantagem maravilhosa da maturidade!
Sentir a vida fulgurosa, latejando dentro de si e diminuir o ritmo da respiração por entender que já não precisa ter tanta pressa assim.
“- Mas o tempo está acabando! Você passou dos trinta anos! Está envelhecendo! ”
Que dádiva! Envelhecer. Poucos amadurecem a tempo de perceber que a vida é mais que a juventude dos primeiros erros...
Você começa a perceber que é bom viver, mesmo com todas as implicações e complicações que a vida impõe todos os dias.
Percebe que perder nem sempre é ruim e que rejeição faz parte da vida de qualquer um. Que os sonhos precisam mesmo é serem sonhados, mesmo que não possamos realizá-los todos. E que ser feliz depende única e exclusivamente de você e da forma como encara os desafios e derrotas do seu dia a dia.
Diminui o ritmo. Das conversas infrutíferas e das queixas desnecessárias. Do trabalho que nada te agrega além de salário. Do encontro de certas amizades que pareciam tão sinceras e verdadeiras, mas que com o passar do tempo se mostraram desinteressadas e substituíveis. Você diminui seu ritmo de vida para que sua alma possa respirar aliviada e redescubra o verdadeiro sentido de viver.
“- Mas... E se não der tempo de fazer todo o planejado? ”
Tempo. Parece o grande vilão de todas as jornadas. Mas é nosso aliado. Tudo acontece na hora certa, quando o amadurecimento nos permite uma melhor apreciação dos fatos e sentimentos. Realmente importa saber se chegaremos ao final da vida com a sensação de termos realizado tudo o que foi meticulosamente planejado? Isso é sucesso? Ou seria a sensação de saber que tudo o que fizemos foi dando o nosso melhor naquele momento?
Sucesso não se refere à quantidade de vezes que ganhamos. Tem a ver com a quantidade de vezes que perdemos e nos levantamos, nunca desistindo de continuar, simplesmente... vivendo!
A vida que pulsa dentro de nós precisa ser afobada. É assim que ela nos move ao encontro do novo, de todas as experiências que ainda precisamos e queremos sentir... Mas ela não pode nos manter prisioneiros dela mesma e da sensação de tempo perdido!
Quem vive preocupado em “como fazer a vida valer a pena” não tem tempo para apreciar os pequenos e milagrosos acontecimentos banais de cada dia. São eles que tecem a colcha de retalhos da nossa existência.
E se aprendermos a amar a nossa vida do jeitinho que ela é, com certeza desfrutaremos de momentos mais felizes e da grande sensação de realização que é, por fim, a coroação dos dias bem vividos.