Poucos sabem
Poucos sabem do imenso nó na garganta que às vezes te engasga por situações da vida que te magoam.
Poucos sabem das lutas diárias que você trava desde o acordar até o momento em que, após chorar baixinho encolhida na cama, decide tentar desligar os pensamentos.
Poucos sabem que você não é feliz todos os dias e que tem momentos em que o questionamento sobre o sentido da sua existência é mais intenso do que a percepção de que a vida está correndo, como um filme sem replay, e que, bem provavelmente, após algum tempo estará arrependido por tanto tempo que passou apenas se questionando da vida, ao invés de simplesmente sentí-la intensamente.
Poucos sabem que você tem frios na barriga constantemente e que a sua postura de segurança do que é e do que faz não passa de postura e que você se lamenta de não ter tentado ser aquela pessoa que arriscou um pouco mais na vida e escolheu a opção mais difícil, a profissão mais suada de aprender, de desempenhar, de se encaixar no mercado.
Poucos sabem que você não é exatamente o que gostaria de ser e que se frequentemente anda sorrindo para os quatro ventos, na maioria das vezes, é forçando a vida a seguir em frente, obrigando o choro a ser engolido, sendo forte como o concreto sendo suas hastes meramente de vidro.
Poucos sabem o que você sente, o que você sofre, o peso que você carrega, o arrependimento que te castiga, a tristeza contra a qual você luta, da insegurança que é sua companheira, da força e da coragem que você gostaria de ter e das decisões que você adiou a vida inteira.
Poucos sabem.
E é exatamente por esses poucos que você se mantém firme, é para esses poucos que você dedica suas vitórias que existem em intervalos pequenos, mas que acontecem todos os dias... porque viver é uma vitória com a qual você escolheu homenagear a esses poucos.
Saiba que você também é a raridade do mundo de alguém e que essas vidas, talvez pacatas e para muitos dispensáveis, têm um valor.
Não é um preço qualquer, é O valor.
Simplesmente pelos poucos e por ser tão raro, tão caro, tão valioso, você vai viver.
Até que não caiba mais a você decidir.
Celebre sua tristeza, chore.
Isso também é sinal de estar vivo.
Se deprima até o fundo do poço e logo depois decida que lá não é lugar para você.
Isso é um sinal de que você leva jeito e que sabe mesmo o que é viver de verdade.
Poucos sabem, mas pelos que sabem, sempre valerá a pena!