NOZ, POR NÓS MESMOS

 
NOSSO CORPO
NASCE SOLIDÁRIO
E CRESCE,
INVOLUNTARIAMENTE,
NO VENTRE
DE UM INVÓLUCRO,
ORA RETILÍNEO,
ORA NODOSO,
PERFUMADO
OU MALCHEIROSO.
A JUSANTE
OU A MONTANTE,
BOMBORDO, BORESTE,
POPA E PROA,

ESTREITA CANOA
DE CARNE E OSSO,
ARRASTADA AO MAR
(BRANDO OU TENEBROSO)
POR TODOS
“NÓS”.
CORDÃO UMBILICAL
CHEIO DE NÓS
. . .

 
FÉRTIL, INFÉRTIL,
CURVO, ERÉTIL,
FORTE, FRACO,
BEM ALIMENTADO
OU
MAL NUTRIDO.
GENTE, INDIGENTE.
BUSTO ROBUSTO
OU SER ESQUÁLIDO.
ALTO, BAIXO,
ESTATURA MEDIANA,
NADA, POUCA OU
ABUNDANTE GRANA.
QUAL CIGANA,
ACERTA, SE ENGANA.

GÊNERO FEMÍNEO,
VIRIL OU OPCIONAL,
AO ENVOLTÓRIO
LIMITADO,
BEM OU MAL.

. . .

EM NOSSOS CORPOS,
CASULOS
AMORENADOS
POR MUITOS SÓIS,
SOMOS, SOIS,
ESTAMOS SÓS,

MAS
- SABEMOS NÓS -
NALGUM DIA LIVRE
LIVRAREMO-NOS

DA FRÁGIL E MORTAL
CASQUINHA DE NOZ
EM QUE VIVEMOS,
ATADOS, DESATADOS
. . .
PRA ONDE RUMAR?
PRA ONDE REMAR?
AO LARGAR
OS REMOS,
OREMOS!
. . .

 
Fernando A Freire
Enviado por Fernando A Freire em 16/06/2016
Reeditado em 18/08/2016
Código do texto: T5669169
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