A DIVINDADE DE CRISTO É QUE “HARMONIZA”, MESMO QUE PRECARIAMENTE, TANTOS POVOS TÃO DIFERENTES
Comentando o esboço do livro de um amigo muito culto, escrevi o que segue.
Muito me honra o fato de achares que possuo qualificação para observar teu escrito e lhe sou muito grato por essa consideração expressa nesse ato. A meu ver, teu livro está ficando muito bom, bastante provocativo também para o pensar e refletir. Promete ser controverso também, uma vez que estás expondo teu próprio pensamento e opinião sobre o assunto. Toda essa explanação, porém, me evoca algumas reflexões. Não sei se seria oportuno, mas, se for, as exponho abaixo. Sucesso.
A importância de sabermos se fomos criados ou não diz respeito ao que significamos. Se evoluímos, somos fruto do acaso e, como o acaso, nosso destino não tem destino; culminaremos num grande acaso. Se fomos criados, somos filhos da inteligência (mais propriamente da sabedoria) e nosso futuro tem a inteligência (a sabedoria) como destino. Em outras palavras, ninguém inteligente (sábio) criaria algo para jogar ao acaso. Logo, temos significado, somos importantes para aquEle que nos criou.
Se Deus fosse compreensível do ponto de vista científico, Ele não seria Deus, pois, por mais conhecimento que acumulemos, seremos ainda “muito” incapazes de abarcar o conhecimento necessário para determinar o que é e o que não é Deus. E nossa tolice é tal que, apesar de sabermos que “quase” nada sabemos (referente a Deus não sabemos nada do ponto de vista científico), apesar dos tão poucos elementos que temos sobre Deus, nos atrevemos a determinar Sua não existência. É como construir uma mansão com uma pedra, um tijolo, cinco grãos de areia e uma colher de chá de cimento.
Deus não abrirá o Universo para quem mais estudar e se desenvolver intelectualmente, enchendo-se de si mesmo. Pessoas cheias de si não reconhecem limites da coerência e a tudo destroem. Tais pessoas não reconhecem a supremacia e a soberania daquilo que desvendam. O Universo será franqueado aos que melhor aprenderem a obedecer e utilizar o conhecimento adquirido sem devastar. Deus limitou o domínio do homem indisciplinado ao planeta terra e seu quintal – nossa galáxia.
Como disse, não é possível explicação objetiva de Deus, devido ao seu tamanho e sua complexibilidade. Sim, nossa Ciência (ciência) não tem alcance. Na verdade, se formos bem justos, podemos explicar como um átomo funciona, mas jamais como ele se origina (como começa a funcionar e existir) e nem de onde se origina. Não sabemos se ele se origina para depois funcionar, ou se funciona para depois existir, pois ele é seu funcionamento. Se nossa própria dimensão é de tal forma misteriosa para nós, o que diremos de Deus, que está numa dimensão cujos nossos olhos não conseguem ver por completo; não conseguem ver uma fração completa.
Mesmo nas sociedades que se dizem auto governadas (esse seria o caso do socialismo utópico de Marx), as pessoas auto governadas seguem códigos de moral, de ética e de conduta abrangentes anteriores a elas e através desse seguir se harmonizam umas com as outras. Logo, não existe a auto governabilidade. Concidentemente, os códigos de moral, de ética e de conduta das civilizações sobreviventes (que chegaram até nós) possuem paralelos e se assemelham muito de umas com as de outras. Esse assemelhar-se e harmonizar-se entre os diferentes seria o divino. Esse elo de ligação é o divino. Isso prova que não existe divindade intuitiva nos seres naturais, pois vê-se que alguém criado à revelia, sem a imposição de códigos de moral e ética externos impostos na educação familiar, mais antiga que os mais antigos dos seus antepassados, não reproduz em sua vivência e convivência com outros e com a natureza atitudes coerentes com a harmonia comum e até consigo mesmo, declinando logo, como as civilizações que não conseguiram permanecer por causa de seus códigos de moral, ética e conduta egoístas, agressivos e destrutivos. Facilmente os indivíduos, mesmos os integrados à sociedade, rompem com os códigos morais em favor de seus impulsos e interesses. Logo, não há como dizermos que há divindade inerente na pessoa natural.
Observei no estudo da história que os princípios de moral, ética e conduta das civilizações primitivas deixadas para as civilizações posteriores derivam de uma única origem, desviando-se posteriormente, adquirindo aí “apostos”, “êmbolos” e “pingentes” (ramificações e desvios) por consequência da intervenção de interesses locais e pessoais insubordinados aos princípios originais. Aliás, a Bíblia mostra que foi isso que ocorreu.
O que quero dizer é que seria impossível Deus surgir da harmonia de pensamentos dos pensadores antigos. O que se tem visto é que sem um Deus comum os grupos não se harmonizam; pensadores dificilmente se harmonizam. O que a história nos mostra são os grupos humanos divergindo e se destruindo mutuamente por seguirem filosofias diferenciadas, desenvolvidas por mentalidades pretensamente autorizadas por deidades particulares, mas que essas próprias mentes criavam. A harmonia entre os povos começou a se tornar real à medida que uma religião mais aprimorada foi sendo inserida nas diferentes sociedades e chegamos então a um tempo que, embora precariamente, quase todos os países do mundo conseguem sentar ao redor de numa só mesa. Essa religião se chama cristianismo, vinda de Abraão, original na Bíblia e mesclado de filosofias humanas no catolicismo e grande parte do protestantismo. Anda assim esse cristianismo harmoniza povos divergentes entre si. O Budismo (uma das mais aprimoradas) não consegue fazer isso, pois seu aprimoramento levaria seu devoto a autoflagelo de abster-se até do alimento, como fez Sidarta Gautama; no indianismo, diversos seguimentos primitivos redundam em segregação e sacrifícios humanos; no islamismo, o aprimoramento abre vasão para o extremismo e o fanatismo leva à prática de destruição da vida humana.
Se as filosofias de Jesus fossem terráqueas não seriam capazes de pacificar e harmonizar tantos povos com culturas e interesses tão divergentes. Se as filosofias dos profetas fossem terráqueas, homens separados por tempos e culturas tão distintas não conseguiriam complementar de tal forma os pensamentos uns dos outros como eles se harmonizam na Bíblia e encontram ressonância e harmonia em Jesus. Dentro das denominações cristãs (especialmente na Igreja Adventista do Sétimo Dia – que está em quase todos os países) e demais religiões, harmonizam-se (embora que parcamente) todos os povos, não importando quais. Isso não é terráqueo – é divino, de fora da terra. Assista o filme Lawrence da Arábia e veja o que ali une as tribos, sendo todas árabes, e quando tal fator passa a desunião e rivalidade voltam sem demora. E, fora das denominações cristãs e as demais religiões, as religiões fazem contrapeso impedindo que as relações de desmoronem de vez. Claro que esse Espírito de ligação Divino não permanecerá na terra por muito tempo, pois está se extinguindo à medida que até o amor parental vai desaparecendo.
O pensamento anti-Deus não consegue harmonia nem entre seus próprios adeptos. Se harmonizassem-se ao menos um pouco, já poderiam dizer que há algo de divino no ser humano natural. O mesmo se dá com as religiões consideradas satânicas. Os satanistas harmonizam-se entre si somente enquanto há interesse. Portanto, que “magia” faz com que o pensamento de Jesus Cristo e dos profetas antigos se tornassem um ponto de ligação em comum entre tantas civilizações? A “magia” de Sua divindade não originada na terra, pois da terra foi-se a divindade no momento que o primeiro casal tornou-se autossuficiente; quando perderam de vista a referência imutável de moral, ética e conduta que é Deus.
Wilson do Amaral