O pavio e a bomba

Tudo está para explodir, e agora? Agora nada de correr, acederam o pavio, mas o segredo agora, é não se apressar, deixa a faísca correr. O negócio é não ter pressa, mesmo se já deveria ter chegado, mesmo se não tem aonde ir, o negócio é não se apressar. Não se sabe de nada, a modernidade tem como Deus a imprevisibilidade, o desconhecido é o que mais se louva, mas claro, achando que se tem certeza disso e de todo o resto, sempre, flutuar com os pés no chão, rastejar na soberba, e se afogar no seco, se observar no vazio da solidão são dádivas unicamente humanas...Me quedo pensando, o que é valioso de verdade? E por falar nisso, a verdade nunca foi o que todos disseram, nunca esteve fácil e ao simples alcance, o entendimento do mundo depende do entendimento de si, de que infinitos partimos, e para qual dimensão iremos. O que não podemos é nos sentir confortáveis, nunca! Para o existir não existe o vocabulário conforto, o orgulho chama isso de mediocridade, e a ilusão cobre isso com facilidade, para os de alma fácil. E como uma bomba de pavio desconhecido, não se sabe quando explode, e a vida inteira, a busca é apagar o pavio, desativar a bomba, ou explodir tudo de uma vez...

Só sinto que apressar qualquer explosão nos faz perder os momentos em que o pavio brilha, se apaga e volta, corre fraco, correr forte, faísca, ofusca, se molha e resiste, queima, deixa marcas na pele e no chão, o pavio, as vezes, é mais importante que a bomba...