Transição...

Que bela forma de se morrer... Envenenado pelo seu próprio vinho... Engasgado com suas próprias injúrias... Sufocado pelo seu próprio pecado, que te cerca, que te alimenta... Preso pelas suas próprias liberdades, que te acorrentam... Que bela forma de se morrer, afogado em seu próprio rio de lama, em seu próprio pântano. Enraizado em suas próprias tradições irrisórias, das traduções de suas palavras rudes, camufladas de poesia... Palavras insanas, transmutadas em sabedoria, em conselhos infalíveis de crianças infantis que não sabem o que fazem de sua própria vida... Chorando suas próprias piadas, rindo suas próprias mágoas... Injuriando, rancoroso, o próprio perdão... Que bela forma para se morrer... Sólido, só, invariável e inflexível. É, na verdade penoso. Viver a vida inteira, buscando por conceitos insólitos, valores inválidos, utilidades inúteis... Buscando a felicidade em coisas infelizes, buscando inovar com técnicas tradicionalistas... É de fato, a melhor forma pra morrer, esfaqueado, degolado, pela faca da sua própria justiça, desequilibrada... Adeus.

Ohnik Santos
Enviado por Ohnik Santos em 11/06/2016
Código do texto: T5663751
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