Amanhecendo
Nos emaranhados e cantos dos escuros nos primeiros barulhos de logo cedo; na neblina que mostra a face do dia, vem aos olhos, vidros, madeiras e metais sem alma, pedindo socorro e atenção; perdidos entre nomes de móveis e objetos.
Por uma fenda na janela o dia se mostra presente ainda em quase noite, lento-crescente e trazendo sua luz sem calor. De lá das folhas na árvore lá fora, o cinza nublado clareia aos poucos, num compasso leve com o vento que faz o verde delas se mover. Visão embaçada, cinza e azul. O azul em tudo consegue segurar os sons do silêncio, os sons surdos e embaçados dos surtos que antes parecia razão; segura os registros de tudo o que foi vivido encrustado nas superfícies como uma ferrugem congelada.
Agora todas as faces se completam sem mais nenhuma escuridão; com suas frases maquiadas e prontas, navegando no turbilhão da alvorada que se mostra ao alcance de todos.