Fluxo Contínuo

Qual seria a verdadeira natureza do nosso ser

Uma frieza ríspida sem emoções pulsantes

Estamos mesmo sendo honestos com o que somos

Sincero em plenitude com o que carregamos no interior

Se cada um olhar para si, será que encontrará o seu eu

Aquele sentimento ancestral sem máscaras nem doutrinas

Nenhuma influência dos que nos trouxeram até aqui

Sem todas as palavras dos que estão à nossa volta

Sem tudo aquilo que lemos nos muros da cidade

Minha busca é por aquele ser íntegro e virtuoso

Que foi deixado de lado para criar uma nova aparência

Para podermos assumir a nossa forma de sobrevivência

Aquela armadura surrada pelo tempo, mas que ainda resiste

Carregando as marcas dos seus erros ao longo dos anos

Quase como um livro de vestígios do seu passado

Será mesmo que todos seguem à sua própria natureza

Ou são apenas impelidos a seguir no fluxo contínuo

Onde as escolhas se tornam lembranças de outra estação

Alguns se vendem em troca de algum beneficio instantâneo

E acabam sendo enganados da forma mais cruel possível

Mas porque será que não nos entregamos aos nossos desejos

É sempre mais fácil achar alguém para colocar a culpa

Do que assumir os tropeços e enganos que acontecem

Porque é tão difícil nos livrarmos dos rótulos do cotidiano

Será mesmo que pagamos um preço justo para sorrir

Não seria melhor que o sorriso fosse naturalmente livre

E que não dependesse de nada além de você para acontecer

Quanto custa um abraço sincero nos dias de hoje

Onde estão aqueles que me prometeram amizade eterna

Perderam-se pelo caminho de pedras que nunca é simples

Quem sabe apenas estavam fingindo uma natureza

Você escutará promessas que sabe que não vão durar

Mas mesmo assim as aceita e o que é pior acredita nelas

O estranho subconsciente e suas necessidade de atenção

Talvez seja nossa natureza mostrando que pode ser mutável

Uma utopia dissonante do engano reincidente

Hoje somos assim, amanhã quem sabe como seremos

Seria uma ótima desculpa para quebrar promessas

Mas se a certeza não se faz presente naquele momento

Para que gastar tantas palavras com coisas vazias

Com contratos confusos que não serão levados adiante

Porque esse apreço em gastar o tempo precioso

Com as inutilidades do nosso ego primaveril

Quando foi que ter um proposito se tornou péssima ideia

Trocamos de realidade com a facilidade de quem troca de roupa

E junto a cada nova realidade, acrescentamos novas promessas

É como um ciclo inacabado que se reinicia automaticamente

E você é levado pela onda daquele momento inoportuno

Transformando-se no que melhor se encaixa na situação

Logo você encontra um novo individuo te olhando no espelho

Sem saber como tudo vai acabar no final daquele dia

kdu
Enviado por kdu em 08/06/2016
Reeditado em 09/06/2016
Código do texto: T5661222
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