Olhando de fora pra dentro
Por um instante eu me desloquei de fora pra dentro de mim mesmo, e veja bem como eu encontrei o meu interior, uma desordem de sentimentos. Não faço ideia por onde começar a me organizar, da vontade de deixar como esta, mas a bagunça tá pesada, tá exagerada.
O pior de tudo é que ninguém além de mim mesmo pode fazer essa faxina.
Como pode estar um caos aqui dentro e lá fora nada aparentar? Como pode tamanha desordem em um ser humano visto como o tal organizado? Aqui dentro é tudo tão diferente, pra quem sente.
Pra quem não sente não é nada além de uma amostra grátis do meu sentimentalismo conhecido como " NÃO É NADA".
Vejo machucados desde a infância, promessas quebradas, isoladas em um canto, misturadas com aquelas palavras ditas que eu nunca desejei ouvir. Aqui dentro não é como aí fora, não tem um lixo organizado pra diferentes coisas. Aqui dentro é escuro, faz frio e não me parece mais um lugar sensível. Pisando nas feridas que ainda não foram totalmente cicatrizadas, não estou sentindo nada, nada além de frio.
Veja bem, ali no outro canto tem lembranças de uma bagunça feliz, mas, nem parece tão bagunçado assim. Lembranças felizes, dá pra contar nos dedos, tem uma criança chorando ali em baixo pedindo pra não ficar sozinha. Mas ela está sozinha acho que ninguém ouviu seu pedido. A água aqui dentro é meu sangue. Não é como lavar uma casa. Tudo aqui dentro vai ficar aqui dentro, não é lavável. Vai existir outras situações e elas vão se acumular aqui junto com essas, vão ficar esquecidas por um tempo, mas elas sempre que puder vão se manifestar. É assim aqui dentro, sabe esse frio que eu to sentindo? Ele está afetando a minha alma.