Somos escravos da cultura?
Em uma caverna havia pinturas abstratas. Comunicação sem gestos sem fala.
O homem desde tempos remotos tem a necessidade de expressar o que sente expor seu mundo interior para o exterior, num intuito de compor um novo cenário onde ele é o centro da terra.
O homem começou a fazer sua historia ao mesmo da escrita, pois o sujeito da historia é o próprio homem. Ao longo de sua seqüência evolutiva para superar suas deficiências físicas e se adaptar as ambiente complexo que se encontrava, considerou útil garantir e ampliar suas condições de sobrevivência. O ser humano foi levado a desenvolver sua capacidade de raciocínio e criar coisas para facilitar sua vida.
Uma voz de sabedoria natural ressoava dentro de si, levando-o a uma nova forma de linguagem: culturalização pela qual criou regras e quem não atuasse dentro dessas regras socioculturais seria banido deste mundo artificial, ilusório e limitado-um mundo no qual somos robotizados, por um sistema alienatorio originado pelos nossos antepassados. Herdamos uma cultura carregada de pré-conceitos onde o traço mais linear é a exclusão, o que em essência é o desenvolvimento do conceito de fronteiras e de posse.
As sociedades primitivas ou pré-históricas neste aspecto são vistas de forma negativa, a partir do critério da falta ou ausência, isto é, sociedade sem estado, faltante de escrita, universo sem historia, com carência de tecnologia, de economia de subsistência, sem produção de excedentes, portanto, sociedade sem mercado.
Mas, caro leitor, a questão que quero me deter, é deixar-lhe uma interrogação reflexiva para que no intimo de sua interiorização se questione: até que ponto nós, hominídeos de uma sociedade pós-contemporaneidade podemos ver a culturalização como ferramenta de ajuda para expor, por meio de símbolos, nossos próprios conflitos internos? Essa culturalização desenfreada, repleta de regras, tornou-nos adictos, nos fazendo ser tão (ou mais) ignorantes como os paleolíticos e os neolíticos a ponto de excluir os que não se adaptam ao quadro de “culto” viramos escravos de nossa cultura?
Será que temos a necessidade de criar para fazer parte deste mundo?
Reflita.