A Casa de Vidro
Olhando ao meu redor vejo tantas histórias acontecendo
Um turbilhão de sentimentos eleva-se nas redondezas
Rostos que não dizem nada enquanto seguem o caminho
Você se vê cativo de um estado quase involuntário
São tantos passos que foram dados em tantas direções
Sempre tentando escolher o caminho mais lacônico
Mas nunca encontrando um rumo impassível
Mesmo sabendo que todos os caminhos viáveis
Seguem pra mesma direção final e irrevogável
E que todas as direções são apenas reflexos do seu eu
Alguns desses passos se cruzam outros apenas convergem
São tantos lugares compartilhados e nenhuma relevância
Não percebemos que cada um carrega um jeito diferente
De sentir as coisas que nos modelam, nos constroem
Cada um sofre as suas próprias derrotas particulares
E alcança suas únicas vitórias momentâneas
Toda a vivência que é negligenciada em cada olhar
O tempo muitas vezes é o grande inimigo desse fascínio
Por vezes torna-se apenas uma desculpa em sua gaveta
Você se torna mais um refém dos ideais ilusórios
Transforma-se em um prisioneiro da imagem inexistente
Um padrão exclusivo que necessita ser praticado
Quase como um santo que se deve cultuar no altar
Sem questionar as suas verdades indubitáveis
Que muitas vezes são baseadas em crenças mitológicas
Toda aquelas influencias que você sofre ao longo dos anos
Você junta todas as palavras mais agradáveis que ouviu
Escolhe as mais interessantes, que vestem melhor em você
E assim elas acabam se tornando suas por direito de escolha
Muitos de nós pensamos sofrer um sentimento peculiar
Mas quem teria a real certeza para esse tipo de afirmação
Se na verdade não importa qual é a realidade dos outros
Como saber se o sentimento é um predicado só seu
Pode ser mais um dos conhecimentos naturais do viver
Só mais uma das fases do nosso autoconhecimento
Pois somos uma escadaria infinita de novas oportunidades
E junto a cada degrau uma sucessão de variáveis
Cada uma com suas especificidades particulares
Que de súbito podem mudar todas as regras do jogo
Suas ideias fantásticas sobre uma verdade alternativa
Porque nem tudo pode preencher alguns tipos de vazio
Por mais bonito que possa parecer o pensamento
Às vezes são apenas ilusões que você insiste em acreditar
Que é utilizado para se sentir melhor do que está
Ser um pouco mais parecido com o resto do mundo
Quando na verdade somos todos, parte de uma fábula
Quem nunca fingiu um sorriso quando as lágrimas rolavam
Ou disse um “tudo bem” quando tudo era escuridão
Somos apensas um holograma dos nossos desejos
Uma projeção do imperfeito que reside no interior
Temos a necessidade do olhar de aprovação dos outros
Sempre esquecendo quem verdadeiramente somos
Aquele ser escondido que você refuta a existência
Pois julga ser totalmente incompleto e inacabado
Ocultando seus medos e defeitos onde ninguém possa ver
Sem nem ao menos receber uma constatação do fato
Uma simples impressão de quem nunca se permitiu
Aventurar-se no desconhecido mundo do talvez
Pois em cada esquina sua vida pode mudar completamente
Te levando para uma direção absolutamente distinta
Onde você não terá mais a oportunidade de falhar
Talvez isso construa uma fortaleza em você
Ou quem sabe possa erguer uma casa de vidro
Você pode sentir fraqueza ou euforia nesse momento
A diferença vai ser decidida pela sua coragem
Um livro em branco que está aberto a sua frente
Com múltiplas possibilidades para desenvolver o enredo
Onde a história cabe a você começar a escrevê-la