DIVAGANDO

Em noites chuvosas onde a escuridão se torna mais densa e o barulho das gotas ao contato com o telhado rígido do local da alcova, parece nascer das entranhas de um peito que de tantos apertos é quase pedaços uma nostalgia que rasga e atinge de morte este que bate de teimosia.

Quantas noites de pingos nas telhas rígidas, neste peito uma cabeça repousou, quantos suspiros, respiros ouvidos no silêncio da densa escuridão, quando todos em sono se revigoravam para a próxima batalha e eu a ouvir e amar os ares que inspiravas e expiravas como fosse aquele o maior dos episódios já apresentados a este rélis mortal.

Os olhos velavam abertos sem nada enxergar, pelo sono do amor que na segurança de um peito que por si batia, tranquilamente como fosse o peito o mais seguro dos mundos.

Que força tem o amor se afronta o roteiro de um filme que já tem final definido? E que peito comporta a segurança de quem repousa despreocupadamente pela doce sensação da proteção.

Tudo acaba, tudo se esvai a cada segundo desde que tenha começado, hoje a mente é só um divagar de momentos lindos, de momentos da mais simples definição de felicidade.

Um peito que deita, uma cabeça que em si aconchega e se envolve em um sono tão seguro que se entrega sem receios, olhos que velam abertos pelo sono da cabeça que em seu peito repousa, a olhar ao nada em uma escuridão que lhe traz a mais saborosa felicidade e os ouvidos que ouvem a chuva a cair oferecendo um barulho capaz de acalentar a mais triste das almas.

Coração que de tantas batalhas bate teimosamente e mantem os mesmos olhos abertos nesta noite onde os pingos de chuva traz o divagar nas lembranças,na certeza de que ainda que sofrido, maltratado, o peito está ali, os olhos estão ali, a chuva veio como todos os invernos, más falta-lhe algo, falta-lhe a cabeça,não há mais o enroscar dos cabelos peitorais e os longos que outrora se encontravam.

Não há mais o repouso, onde está aquela doce felicidade? Onde está o repouso inocente no amado peito?

Olhos que hoje se fazem misturar aos pingos com águas mais salgadas que as da fria chuva, olhos que abertos viajam no divagar da mente que busca algo que jamais poderá novamente ser encontrado.

Eras, chuva, meus momentos mais belos,hoje és tortura.

Os pingos caem no rígido telhado.

sergio balsanulfo
Enviado por sergio balsanulfo em 04/06/2016
Código do texto: T5656636
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