Ultimo Uivar...
A lua está cheia... Ouço o uivar de um velho lobo, sedento de sangue... Passa da meia-noite e as ruas estão desertas... O vento parece temeroso ao soprar, escasso, denso... O lobo parte ao ataque, mas, por sua já avançada idade, não obteve sucesso... A passo lentos, a Senhora da Noite, passeia com sua foice, totalmente despretensiosa, como quem, sem rumo, passa de bar em bar, a procura de alguma diversão... O tempo fecha, as nuvens aparecem, encobrindo a linda lua, vermelha no céu... Era uma bela noite, até a maldita neblina sobrenatural apoderar-se de todo tempo-espaço. O tempo está parado nesse momento. O velho lobo, já avisado pelos seus instintos infalíveis, soltou o seu último uivo. Dizem por aí que o soar do último uivar de um lobo é o mais belo de todos. E, de fato, me pareceu naquele momento. Era um uivo forte, sem indícios da idade avançada, um uivo saudável e melodioso. Realmente fascinante. O velho lobo nos deixou. Não vai mais caçar, não vai mais uivar, e pior, não pôde se despedir de seus amigos de alcateia... Embora muito longe, com certeza puderam escutar, a bela melodia orquestrada pela Morte... Sinistra e bela, aterrorizante e triste, último uivar de um lobo...