Navegantes

Hoje, sentado na sombra dessa palmeira em um dia sem sol, lendo o continente.

Também vejo como o mar agitado produz ondas bravias, que sucumbem na praia.

Depois retornam, mansas e tépidas, novamente à imensidão de onde nunca saíram.

Isso faz lembrar dos navegantes do poeta luso, homens fortes, bravos, intrépidos,

Que singraram os mares derrotando os monstros terríveis que assolavam o desconhecido.

Para depois o vate trazer à tona os horrores que eles levavam escondidos nos porões,

Singrando intrépidos por sobre o mar bravio, por onde transportavam a abominação.

Carregavam a morte e o flagelo, revelando assim os horrores que o mar nunca escondeu.

O Poeta luso narrou a luta desses homens fortes e destemidos contra os horrores do mar.

Para depois o poeta nativo revelar que os horrores nunca estiveram debaixo dos navios.

Vendo o mar se pode ver ao longe esses homens desembarcando em areias brancas.

Que logo ficaram rubras e negras, como eram rubras as tintas que daqui extraíam;

E negra a pele dos homens, que ainda labutam acorrentados pela sede de sobreviver.

Assim como as ondas, por mais forte que o vento nos empurre, jamais seremos livres.

Praia Grande, SP, 22 de maio de 2016.