O Escriba dos Tempos
Eu vi a chama do ódio queimar no coração dos homens, que acabou por consumi-los...
Já vi cidades se erguerem e caírem, via piedade onde haveria indiferença, coragem ocupando o lugar do medo, amor onde só ecoaria o ódio como resposta, redenção onde haveria condenação,
Já estive certo com meus papiros bem mais vezes do que gostaria; bem como já me surpreendi mais vezes do que pensava...
O homem começa por não saber de nada, observando a superfície do oceano pensa entender o que há no fundo, imagina, classifica, afirma...
Na maioria das vezes está errado, percorrendo em um círculo pensando ter final, sem perceber vaga pelos mesmos caminhos de antes, reafirmando as marcas do circulo da questão...
Já vi homens mudarem a visão de muitos, porém em nenhuma destas ocasiões o fizeram sozinhos embora apenas um fosse citado, talvez seja mais fácil escrever um livro com um único responsável pela vitória ou derrota afinal...
Eu não tenho nome eu não tenho aparência, sou apenas essência e não sou, estou dentro das mentes e fora delas também...
Eu caminho pelo tempo vagando a procura de uma resposta que não teve pergunta ainda, escutando o chamado daquele que não tem voz, eu vendo as lágrimas que nunca caíram, sentindo a dor que não teve ferida...
Você me conhece ou não, me nomeia ou não, mas isso não muda o fato de que estou em todos os lugares e por toda a parte...
Eu gostaria de dizer muito, mas não tenho voz e mesmo se tivesse, não poderia me entender, assim como não compreendo o que diz; mas vejo o que faz e isso todos a sua volta podem ver e sentir, não importa quão complexo ou simples sejam...
Vi árvores serem derrubadas por serem grandes demais, vi rebanhos inteiros indo pro abate por não questionar o final da caminhada; vi cardumes pularem dentro de barcos pesqueiros pensando ser uma opção melhor...
Eu vi muito ainda vejo e continuo seguindo, minha pergunta não tem resposta, talvez porque a resposta seja você e assim respondo por que estou aqui, para aprender junto com você e relatar o que conseguir, pois o que é escrito serve tanto para ser seguido como questionado, talvez este seja de fato o maior poder da escrita, ainda que aponte em outra direção serve ainda de referência para se chegar onde precisa...
Não importa qual percurso tenha caminhado, as estradas terminam no destino que você escolheu, pois em cada bifurcação escolheu a que pensou ser melhor e o fez por opção...