o sentido das letras
Sentado mais uma vez na frente do papel em branco sou convidado a escrever, sinto o sentido pelo qual estou aqui,
não posso viver com o fato de que na perspectiva de uma vida passageira , sou uma engrenagem, mas porque
afinal as vezes nós seres humanos nos definimos como tal? será isto porque já nascemos nesse mundo com uma dívida? ou será que isso
depende da percepção que criamos a respeito da máquina na qual fazemos parte?
não posso dizer muito pelo fato de que minha percepção das coisas é diferente em parte e em parte igual a todos os outros
mas se por um momento pensar que existo por que preciso existir, acredito que á algo maior que a mecanica da matéria.
a percepção que construímos com nossos filtros pessoais pode as vezes ser cruel ou boa demais com as coisas.
olhando para a folha em branco percebo que muitas coisas cabem ali, é realmente um universo a ser criado. de que outra forma nos assemelharíamos a Deus?
Ora não houver limitação para a criatividade, ela pode criar qualquer coisa , de um universo distante, até um pequeno grão de mostarda. posso lhes atribuir
fatos subjetivos que os sustentarão em sua forma. talvez a realidade no momento da criação tenha sido algo assim mesmo , imaginado, criado subjetivamente
antes de ganhar essa forma física. Igual qualquer projeto.
A forma de uma folha de papel me traz a percepção de que somos como tinta que nasce nas linhas do tempo. rabiscos independentes e autênticos.
como a fonte de tinta pode ser tão farta de criatividade?
As vezes uma realidade muda quando mudamos nossa percepção sobre ela. vejo que ao redor muitas pessoas tem dificuldade de reconhecer seus devidos lugares.
são como manchas quase sem significado, pois estão numa realidade onde a inteligencia invertida nelas tem dificuldade de reconhecer seu caráter subjetivo e espiritual,(aliás
existe algo mais subjetivo que o espiritual?) de repente o que procuramos é uma percepção diferente. Talvez nossas páginas fiquem amareladas e sem vida se não pararmos o tempo para ver um
pouco da inteligencia magnífica e investida em cada forma. Principalmente naquelas em que expressam a forma mais pura de inteligencia. o Amor. talvez
encontrar um sentido superior de viver é saber encontrar na leitura das coisas a essência da inspiração desse sentir que deu origem ao poema da vida. infelizmente existem tantas regras de
gramática a preocupar nossa percepção que as vezes caímos no erro de uma interpretação pobre e acusamos a vida de ser incoerente. E nesse contexto não há sentido em viver. talvez daí nasça
a tendencia de padronização das coisas que nos fazem criar apego a formas e padrões mais que nos significados. Basta olhar ao redor e perceber que existe logo uma tentativa de explicar as coisas
e quando não a conseguimos achar uma razão para tal, padronizamos no inverso e ai nasce todas as dualidades e definições que não podem ser unidas porque fazem parte do estoque do que pode ser explicado e o que não pode. espiritual-material vida e morte.. etc..
talvez se botar um óculos se consiga ler melhor, talvez se olharmos para o espaço vazio entre as palavras podemos deixar de temer o que não compreendemos.
talvez o infinito esteja mesmo em todo o lugar escondido atrás dos padrões de nossa percepção, assim como letras que escondem uma folha de papel em branco atrás de onde estão escritas. Em fim encontrar no vazio
uma percepção mais real das coisas. porque ainda que essas letras se sustentem, o tempo os apagará,sejam
escritas sobre a areia, papel ou uma pedra . se provarem que no vazio das partículas existe mais vazio, e que o quantizado se torna não quantizado por acabar em energia(chamam isso de cordas)
então perceber a realidade como algo formado nessa plataforma, me traz a confirmação de que o próprio material vem e se sustenta da energia vibrante da consciência nele investido, e tudo não passa de
uma realidade subjetiva , que está escondida pelas letras distorcidas de uma percepção pobre e apegada a padrões como a minha, que acha mais sentido na nota que vou tirar na redação , que na
beleza que poderia ter sido o meu poema.