POBRE GICANTE
POBRE GIGANTE
Nasci como todo mundo que nasce,
Bem pequenininho.
Naquele tempo,
Você era um gigante,
Me alimentou, me criou e me fez forte.
Cresci, agigantei-me e,
Sem me dar conta,
Comecei a competir com você.
Impávido colosso,
Você se manteve.
Na certa não admitiu que eu fosse além.
Feito um tonto,
Esqueceu de mim.
Feito nada,
Entregou-se aos devaneios ancestrais
De quem nunca lhe quis bem.
Naveguei por outros mares,
Deliciei-me com novas ternuras,
Abri meus espaços,
Sobrevevi.
Na lida,
Nunca esqueci você,
Mas você me esqueceu.
Por sorte minha,
Transpus barreiras,
Venci obstáculos,
Driblei a sorte e,
Me encontrei.
Fui mais além,
Cresci muito e,
Esqueci seus açoites.
Hoje,
Contemplo-te triste,
Deitado ainda em berço esplêndido,
A navegar,
Para aportar em porto inseguro,
Sem norte e sem sorte,
A contemplar com visão míope,
Um mar profundo.
Quedo-me a pensar no teu
E não no meu futuro.
Dele, do meu,
Não esperanço muito.
Mas,
Pergunto-me:
Não seria melhor ser filho de um outro gigante,
Menos sádico,
Menos profano?
Quem sabe, assim,
Eu teria outro nome.
Não seria o masoquista que sou,
E minha pátria,
Não se chamava Brasil.
Rui Azevedo – 12.07.2007
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