SÓLIDA SOLIDÃO (Série Filosofiando Ideias)ROBERTA LESSA

Apreciar solidão é estar socialmente adoecido, padecido do medo da interação com o outro; mas aprecio estar só, vivenciar o prazer de comigo estar e me descobrir desvelada à cada nova descoberta de mim mesma, sendo sempre um eterno e inovador: "muito prazer em me conhecer!

É nessa solidão que, de soslaio, sorrio com os olhos diante da silente companhia que me faço e se a fala me falta ao pensamento me uno e reconstruo universos e os faço como se o sopro divinal fosse um humano ato.

Devotadamente amo esse imaginar saudável, admito que para tantos insanos, e que nutre-me a audaciosa forma que desenvolvo de percepção de mundo. Decerto o incômodo causado é mais feroz ao outro do que à quem se devota à sua sólida solidão como quem nina a criança interior.

Não temer estar só é para uns domar e ou conviver com os monstros e medos que nos impedem o crescimento, esse tal florescimento à procura dessa tal e tola felicidade. Coube à solidão ser espelho daqueles que não querem se ver e por isso dela fogem ou ela negam.

Há oportunidades de estarmos só, onde o imaginário se aguça e se eriça à procura das já perdidas ou esquecidas amizades invisíveis e impalpáveis que sob formas diversas, nos preencheram antigos vazios existenciais.

Mas a verdade nos é imposta ou melhor, nos jogam sem remorsos ou cuidados ao desespero do existir por existir e assim deixamos o imaginar no imaginário delegando à essa dimensão adjetivos que as consideram e efetivam como insanidade humana.

Há os que optam pelo efeito ilusório de compensações voláteis e jamais se permitirão a soltura dos desejos de alçar novos horizontes através de sobrevoos por sobre o impossível, esse impossível que só assim o é porque não permitimos seu existir.

A solidão quando voluntária e praticada sem o temor do conviver com o outro desconstrói a resistência do diálogo mais profundo consigo, fato considerado sina de quem não se adapta ao sistematizado senso comum e por isso é considerado pária social por quem ainda se encontra mecanicamente normatizado.

Deparamo-nos povoados de duras e cristalizadas percepções que nos induzem à crenças de muitas vezes nada mais nos dizem senão o descrer que esta necessidade de se estar junto é impreenchível se nela estiver abarcada a volúpia do outro possuir e dele deter seu poderes naturais e primevos.

Dois pesos duas medidas: a seletividade é também adicionar sabores à oportunidade de se estabelecer vínculos reais com esses estranhos e dúbios seres que tememos não compreender, fato que nos impulsionaria à inovação do conviver e do modificar os compromissos e valores naquilo que até então almejamos e consideramos como qualidade de vida.

Estar só é estar com outros solitários, mas construir nessa solidão uma conexão mais efetiva e profunda com o que existe, é a sabedoria de deixar de situar-se naquilo que nos aprisiona e cerceia a criatividade no humano viver.

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============ DEZ LICIOSA INTERAÇÃO ============

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ANDRÉ LUIS PINHEIRO DEIXA UM POUCO DE SUA ARTE EM FORMA DE INTERAÇÃO, E EU AGRADECIDA E MAIS QUE DEPRESSA JÁ RESERVO UM ESPACINHO NESSE MEU POST:

"Buscar somente a solidão a toa

É mergulhar em teu vazio sem um fim

Mas, a solidão é, e sempre será boa

Se a ti te melhor a ao outro enfim..."

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============ DEZ LICIOSA INTERAÇÃO ============

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Roberta Lessa
Enviado por Roberta Lessa em 07/05/2016
Reeditado em 09/05/2016
Código do texto: T5627750
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