Fábula Dissimulada
E o coração tão obsoleto, não aguenta mais bater
Fraco de nascimento e pobre por todas as escolhas
O peso de todos os erros que acompanham a rotina
A alegria que outrora bateu à sua porta radiante
Exauriu-se em ilusões frívolas com o passar do tempo
Deixando um rastro de cicatrizes no fundo dos olhos
As marcas do reflexo amorfo do espelho sagrado
Que te fazem ver uma aparência fictícia, ilusória
As suas escolhas já não tem mais fundamentos
Nem o que você sente se torna parte importante
De um todo sólido e consistentemente verdadeiro
Uma conversa interior que é imprescindível a todos
Suas convicções específicas são sutilmente pisoteadas
Como se de uma cripta você visse os dias passando
Você se torna um alvo complacente para os outros
Um ser diligente em busca da simples atenção
Daquela troca de segundos que podem levar horas
Algo tão irrisório que não há palavras para retratar
Como um reles boato que alguém solta ao vento
Um rosto que em meio à multidão nem fica registrado
O ruído que aconteceu e logo se perde no esquecimento
Uma gota divergente na imensidão azul do oceano
Os ecos do passado que estão voltando à tona
Contando notícias oriundas de um tempo sobrepujado
Escritura mal acabada sobre a sua fábula dissimulada
Que foi preservada em cativeiro a sete chaves
Recordações que você se empenha para postergar
Vilipendiando cada vestígio das reminiscências
Desprezadas por longos anos no escuro caliginoso
De uma alma pusilânime, indolente por natureza
Dilacerada por todas as palavras gravadas na memória
Que acabaram em um papel amarelado pelos anos
No fundo daquela gaveta que você não abre mais
A essência que se tornou insensível e calejada
Por escárnio do destino que assola o seu interior
Ou por mero acaso dos desencontros necessários
Uma árvore senescente que não acredita no amanhã
E na aurora que se anuncia lá longe no horizonte
Mais um dia aluído anuncia o seu nascer