Solitude
Mas tanto faço e tanto penso,
e tanto penso que faço tanto,
que em névoa densa me desfaço,
e neste filtro se dissipa meu encanto.
E do outro lado sai uma forma acinzentada
que vaga e logra do vazio e solidão.
Nesta imensidão de solitude,
mergulhado no açude que cerca meu escárnio,
prendo-me num invisível relicário
que mantenho na altura do coração.
E desta maneira volto de onde vim
E visto-me de todas as amarras que me obrigam,
Desenho novamente as cicatrizes,
Encho-me exacerbadamente de velhas diretrizes,
Para que tudo transcorra bem.
E deste advérbio tira-se apenas o que se escuta
Pois teu real significado há tempos sofreu permuta
E nada pessoal importa quando todo o resto é obrigatório:
Do céu ao inferno, um eterno purgatório.