Autorretrato
Ela andava por aí, com suas roupas normais e seus livros a quase cair da mochila. Percorria os dias rodeada de personagens, de boas histórias e de vazios preenchidos com pensamentos que procuravam a razão de tudo existir.
Sociável, as vezes boêmia, as vezes beata! Santificava teu corpo a cada noite que preferia dormir sozinha, em vez de se jogar em qualquer abraço que nada de tão intenso lhe traria.
Passava dias vendo filmes sozinha, enrolada em um cobertor de resiliência. Estudava, trabalhava e quando o coração estava vazio, nem se importava com o escuro solitário do teu quarto!
Mas quando amava, amava tão intensamente, que até as pedras lhe agradavam! Amava bonito, com gestos e palavras. Amava com a devassidão de uma mulher da vida e abraçava com a doçura de uma mulher recatada. Amava tanto, que o amor transbordava pelos cômodos da casa!
Hoje ela continua andando por aí, com o coração meio cheio, meio vazio. Com os livros ainda a quase cair da mochila e com pensamentos que já não buscam mais a razão de tudo existir, mas de toques que a façam sentir tudo outra vez!