Eu cheguei em Lambari no dia 16 de setembro de 2005. Quase três meses após o falecimento de minha mãe.
Vim viver um pouco da vida a qual ela viveu. Durmo na cama em que ela dormia. Caminho pelas ruas em que ela caminhava. Visito os lugares ao qual ela visitava. Sorrio para as mesmas pessoas para quem ela sorria.
Quando cheguei na casa em que ela morava, os vizinhos vieram me questionar se eu não sentia medo de ficar na casa de alguém que havia morrido. Eu respondi que não tinha receio algum e que ficaria muito feliz se o espirito de minha mãe viesse me visitar.
 
Minha mãe era a minha única e grande amiga. Eu podia falar sobre qualquer assunto com ela. Eu lavava a minha alma, clareava os meus pensamentos. Eu me sentia segura em desabafar com a minha grande e leal amiga que somente desejava o meu bem maior.
Ao conversar com a minha mãe eu podia até acreditar que infelicidade era felicidade; que o feio era belo; que a esperança era um lindo futuro próximo.

Minha mãe me fazia acreditar, que eu era forte, que eu era capaz.
Sentia-me completamente amada e feliz. Aprendi, com ela, a amar.
Minha mãe era somente doçura e paz.
 
Perdi minha mãe num piscar de olhos, pois foi tudo tão rápido.
A única coisa que  longa, foi o seu sofrimento.
 
Sua morte me transformou, e me confundiu.  Senti-me perdida e abandonada.
 
Não ter mais a minha mãe; não poder mais beijá-la, não poder mais abraça-la, não poder mais conversar com ela. Não ter mais o seu carinho e o seu conforto, está sendo muito difícil.
 
Eu precisava criar uma nova maneira de viver, pois a que eu tinha a minha mãe fazia parte, como pessoa indispensável.
 
Primeiro eu perdi o meu pai, que foi a minha primeira grande perda. Cinco anos depois, eu perdi o meu rumo, o meu porto seguro. Eu perdi o grande amor de minha vida. Eu perdi a minha doce mãe.
 
Eu jamais a esquecerei. Enquanto eu existir, minha mãe estará viva em meu coração.
 
Encontrei esse escrito agora em 2016. Senti uma emoção forte me dominando. Ah, que saudade daquele ser encantado que era a melhor e a maior parte de minha vida e da vida dos meus filhos amados. Quase onze anos se passaram e eu mudei muito durante todo esse tempo. Tive que enfrentar a vida de uma maneira jamais imaginada e percebi o quanto me pareço com minha mãe, pois eu herdei dela sua força, sua coragem, sua vontade de viver e de ser feliz, sua determinação e sua perseverança. A única coisa que eu não herdei foi  o dom do perdão incondicional. Pois, eu perdoo sim, mas mantenho distância de qualquer pessoa perdoada por mim. Minha mãe era uma alma nobre, ela perdoava e aceitava novamente a pessoa em questão, em sua vida.
Minha mãe era a pessoa mais incrível que eu tive o prazer de conhecer, pois ela não tinha defeitos, apesar de pensar tê-los. Ela era humilde e sábia.

O dia de hoje se parece com o dia de domingo em que ela se foi. Passava quinze minutos das vinte horas e naquele instante ela deu seu último suspiro. Eu a vi partir.
 
Talvez ela não saiba o quanto continua viva em meu ser. Ela vive em mim. Um dia, eu viverei com ela novamente.
Mari S Alexandre
Enviado por Mari S Alexandre em 30/04/2016
Reeditado em 30/04/2016
Código do texto: T5620794
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