## GRITO##
Talvez percamos o tempo a falar das casas, das castas, das capas, dos encapuzados, da luz d'alguns em detrimento da escuridão de outros. Da minha janela talvez não possa te ver e o que sei é tão pouco que nem teu grito ouço.
Ouço, ouço, que me lembra osso, ossos dos nossos ofícios num país de tantas línguas e des(entendimentos). Infantilidade a minha pondo créditos em anjos alados e fadas madrinhas que nem abrem as portas nem usam varinhas.
Rio de mim tantas vezes lutando contra um vácuo, agarrando-me a um fio de esperança na humanidade que se arrasta e dá rasteiras na própria espécie e nem mesmo por sobrevivência, mas instinto do mal, a puxar o tapete dos que mal andam, mal vivem, mal sentem. Procuro donde guardar minha vergonhosa inocência disfarçada de altivez num mundo sem vez, tão vil.
Fechar a janela na mentira da segurança, feito criança que acredita em proteção. Adormeço guardando minha luta embaixo do colchão.
(Taciana Valença)