Assimilar

Eu não sei o que estou sentindo. Estou escrevendo para entender. Confusa. O que eu quero? Pra onde vou? O que preciso fazer? O que não devo fazer? Que caminho? Eu olho para o espelho e não reconheço ela. Não sei dizer se as olheiras são pelo medo, pelo sono ou pelo cansaço. Cansaço de que...? Emocional talvez. Não. Com certeza. Meu corpo mudou drasticamente esses últimos anos, a mente também. É como se eu abrisse meus olhos e estivessem me forçando a fechá-los. Como se eu percebesse minhas algemas e sei como me soltar mas tentam me convencer que estar nelas é melhor, correto. Estão constantemente olhando, criticando, caçoando. Todos. Todos eles olhando pelo próprio umbigo, certos de sua razão, certos de sua superioridade. Estúpidos. Cretinos. Inúteis. Grotescos. Acho agora que, o que estou sentindo é nojo, repugnação. Minha vida na verdade está traçada, baseada em minhas opções e nas minhas escolhas, o que atrapalha é esse repugnante hábito das outras pessoas em se meter, em moldar, em julgar. Pensem o que quiserem, falem o que quiserem. Vocês apertam as próprias cordas no pescoço e uma hora iram cair. Façam os moldes e eu assistirei vocês frustados por não conseguirem se encaixar neles. Será que não percebem que vocês estão se limitando... A única vida, e vocês estão a tornando um inferno. Aprendam. Eu olho no espelho e não reconheço ela. Não reconheço ela como alguém daqui. Ela está tão triste e eu não sei o que fazer. Ela quer ir embora. De tudo. Ela está cansada. Morta.

Lunae Lumen
Enviado por Lunae Lumen em 20/04/2016
Código do texto: T5611209
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