Minha febre
Voltemos a estaca zero. Deitada, com o corpo febril... Talvez seja as três últimas perdas. Três socos. Está calor, e eu estou totalmente sozinha. Não há mais ninguém, e eu volto a conversar comigo mesma. Estaca zero. Não há como segurar alguém, você sempre estará sozinho, sempre. Não é um problema grande para mim, aprendi que é na solidão que você conhece sua parte obscura, a febril. Ela está aqui agora, com a mesma sensação de dormência no corpo e a febre, como se eu fosse só alma, só vazio. Estaca zero. Não conheço forma de fugir, mas... Não quero fugir e perder esse meu lado. Ser feliz o tempo todo é impossível e sim, precisamos da tristeza. Felicidade é transição. Uma só existe pela outra, devem ser dois amantes, os opostos que juntos formam o eu. O eu. O febril. Estaca zero. Reconstrução. Pegar cada pedaço, entendê-lo e seguir. Para outras perdas, outros quartos escuros, outras febres. E pensar que ainda só está começando e que meu corpo se tornará febril por vários motivos. Por várias vezes chegarei no ápice e por várias vezes chegarei à estaca zero.