OS Bolsonaros e corruptos nossos de cada dia

Tenho uma teoria sobre pessoas que se manifestam como Bolsonaro... Gente assim, existem as milhares por aí, mas a verdade é que só ganham espaço, quando aos poucos vamos aceitando as pequenas demonstrações de intolerância, de agressividade e violência encontrando justificativas, sendo tolerantes com tudo aquilo que não nos atinge diretamente, mas que a longo prazo, nos envolverá em todos os efeitos.

Sob o pretexto da liberdade, não nos sentimos responsáveis pelo peso do que dizemos ou fazemos.

Nossa sociedade, nunca foi perfeita e talvez nunca seja, mas considerando o passado de tantas e grandes injustiças com mulheres, negros e crianças, avançamos significativamente e embora não possamos reparar ou mudar as dores causadas no passado, de posse da consciência que temos hoje, podemos viver diferente e construir um futuro diferente. Apesar de tudo, fomos uma nação, compartilhando os mesmos princípios e esperanças para o futuro.

Hoje, divididos e com liberdades das quais não sabemos fazer uso, porque nos perdemos dos princípios éticos e morais, confundimos "liberdade com libertinagem" e, assim, confunde-se também a democracia com permissividade ilimitada, onde tudo pode, tudo é aceito.

Reclamamos e hoje sofremos com o tamanho da corrupção e quase não conseguimos acreditar que ela se estendeu por toda parte, mas as raízes estão na aceitação cotidiana das ações menores.Nem quando a frase " o importante é levar vantagem" foi criada, fez tanto sentido para as pessoas como faz hoje; Oferecemos liberdade aos jovens e cobramos bem pouca responsabilidade, quase na mesma proporção em que a maioria das famílias andam ocupadas demais para estarem com seus filhos e poupando-os de "nãos" tentam recompensá-los por sua ausência. Vemos a imoralidade num casal homossexual que anda de mãos dadas, mas consideramos normal crianças de 12, 13 anos expondo seus corpos, se agarrando em bailes, bares e esquinas em nome de uma cultura que desvaloriza a mulher, banaliza o sexo e cultua as drogas, armas e violência. Criamos o estatuto da criança, com a finalidade de protegê-la da violência, do trabalho forçado, querendo colocar a família como responsável por lhes dar as bases emocionais necessárias (não violência), cuidados e no mínimo a instrução básica, mas a maioria entende como uma afronta, porque a unica educação que reconhecem é através da agressividade e bater é necessário, fazer dupla jornada aos 12, 13 anos estudando e trabalhando vai torná-lo uma pessoa responsável, Parece difícil compreender qual é o papel da família na sociedade...Ou massacramos os jovens, ou damos-lhes total liberdade esperando que eles descubram sozinhos, o caminho que esperamos que escolham... Depois discutimos a liberação das drogas, o aborto, programas sociais de acolhimento a maternidade precoce...

Existe uma infinidade de exemplos, mas acho que ja deu para perceber onde quero chegar.

Justificamos os atos passados de Dilma, justificamos os atos dos militares, justificamos a corrupção, justificamos o Bolsonaro e justificamos a cusparada de Jean Willys e continuamos nos comportando como se estivéssemos de lados diferentes, quando na verdade estamos fazendo a mesma coisa, justificando erros e alimentando a semente do mal, como temos feito ha tempos. Se mataram, morreram ou houve torturas, algo saiu de muito errado, afinal, de seres humanos capazes de se organizar em sociedade, com inteligencia capaz de levá-lo ao espaço, o mínimo que se espera é civilidade.

É hora de mudar todos os discursos que defendem a causa de uns e começar a pensar na causa de todos nós, no bem que queremos e que podemos alcançar.

Se tem pessoas ruins no poder, gente irresponsável e disposta a qualquer coisa para se manter em evidência, é porque nós permitimos, porque nós os levamos até lá.

Sejamos mais humanos e menos politicamente corretos. As pessoas têm sim o direito de ser quem são e de dizer o que pensam, e não é com discursos que se inibe algumas atitudes e comportamentos, mas sim com instrução e a educação que oferecemos através dos nossos próprios comportamentos e atitudes.

Somos todos educadores, somos todos influenciados e influenciadores. O que é bom, o que é certo e o que é justo, começa em nós e se estende aos que estão a nossa volta.

Por um mundo com menos Bolsonaros, corruptos e desumanidade, reflitamos melhor sobre o que e certo e errado, bom e bem.

Leda Gaivota
Enviado por Leda Gaivota em 20/04/2016
Reeditado em 20/04/2016
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