NA ORDEM DOS BRUXOS
NA ORDEM DOS BRUXOS
Nas telas imensas profundas
caladas pelo imerso pincel
tocando harpas no tecido
uma dama caucasiana
deitada na sombra
protegida do sol da tarde
n’outro um valete de cartas
abertas por entre os dedos
comia uma vontade
que sofria pela vontade
de saber o quanto vale
luz de lampião
tempo eterno
“tempo em vão”
dali e a metástase coroada
do absurdo
lautrec ensaindo a sociedade
as avessas
no baluarte das horas
de chá sobre a mesa
delacroix imagem perturbada
da livre sensação de possuir-se
guiada pela fêmea
ante os bárbaros raivosos
modernos
um tenro afresco antigo
caíndo parece
oferece um limbo
entre os anjos-cupidos
esculpidos na pedra
olhar de penitência
do que não vive lá em cima
retrato em relevo
sem essência escrita
uma fábula aguarda
pelo caminho das paredes
enfeites cortinas de seda
linho azulado
um teatro marcando
qualquer fantasia que tenho
os olhos dão vistos
pra toda cena vindoura
loura dourada letra escrita
na porta
aroma das coisas mortas
selam silêncio derrepente...