Minha terra tem palmeiras onde não canta o sabiá.
Hoje ele chora pelos rumos que a pátria mãe está caminhando.
Viaja o lindo pássaro pelos rincões do Brasil, e vai observando uma legião de desempregados que aumenta cada dia mais.
Nossos legisladores negociam cargos em balcão de negócios devidamente oficializado, no mercado modelo nacional, sustentado pelos impostos da grande massa.
Essa mesma massa que clama e chora por dias melhores.
Hospitais públicos à mercê da pura sorte.
A merenda, e que merenda! Superfaturada e muitas vezes estragada.
O sabiá continua sua viagem pela pátria mãe, e observa uma baía suja e infecta, onde logo mais será vitrine para todo o planeta.
Observa também legião de aposentados, pensionistas e servidores públicos com salários atrasados por conta de uma competição megalomaniaca que logo mais terá início.
O sabiá roga a Deus Onipotente que envie anjos celestiais nessa terra abençoada para poder tentar melhorar a vida da massa trabalhadora.
Continua o lindo passáro a viajar, até que chega no pulmão do mundo, nossa linda Amazonia, que já foi e continua sendo espoliada pelas grandes corporações.
Sabe ele que, em tempo não muito longe, poderá não mais encontrar a exuberante floresta para seu descanso.
Encontrará, talvez, terra seca, deserto quente, a morte espreitando.
O sabiá, então, sob o sol escaldante, resolve entrar no templo para orar, rogar a Deus que tenha piedade desse povo, que não sabe votar, só sabe pedir, e uma grande massa que não gosta de trabalhar, de crescer, de produzir.
Triste para o sabiá.
Mais triste ainda para esse povo.
Minha terra tem palmeiras onde não canta o sabiá.
Mas chegará um dia em que ele voltará a cantar lindamente como em tempos de outrora.
Basta a grande massa se levantar.
Pois não sabe a força que  possuí.


 
Mendes Neto
Enviado por Mendes Neto em 15/04/2016
Reeditado em 17/04/2016
Código do texto: T5605886
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