##Pés Descalços ##
Baixo os olhos, baixa guarda
Juntas as mãos, dedos em prosa;
Hiato.
Surdo morre em si mesmo,
Perde-se na capa,
Rubra sangue, baú de notas,
Quase poemas jogados ao lixo,
Perdidos...papéis amassados -
Arrancados a cru
Rasgando o peito
Serve, serviu, serviria???
Ecos dúvidas,
Marias, Graças, Terezas
Servidas à mesa;
Entre fartos codinomes,
Suor q'escorre brilhando na testa,
Foi-se dia do reluzente poeta
No topo d'uma escadaria,
Viveu e vivo viverá,
Viveria?
Rua abaixo rua acima.
Tensos versos erguem-se
Declinam...
Fartos jogam-se num banco de praça;
Desliza sol abraçando pelas costas.
Escorregando nas encostas,
Há sobras no sobrado onde só sobrei,
Mas há sombras sobre as sobras
Descansarei...
Tiro os causos secos das botas,
Esqueço no gramado,
Descalços pés pedem paz -
Quem viver em mim verá
Que jamais me viu -
Teclas, lixo, lixeira
Vida Ribanceira