##Pés Descalços ##

Baixo os olhos, baixa guarda

Juntas as mãos, dedos em prosa;

Hiato.

Surdo morre em si mesmo,

Perde-se na capa,

Rubra sangue, baú de notas,

Quase poemas jogados ao lixo,

Perdidos...papéis amassados -

Arrancados a cru

Rasgando o peito

Serve, serviu, serviria???

Ecos dúvidas,

Marias, Graças, Terezas

Servidas à mesa;

Entre fartos codinomes,

Suor q'escorre brilhando na testa,

Foi-se dia do reluzente poeta

No topo d'uma escadaria,

Viveu e vivo viverá,

Viveria?

Rua abaixo rua acima.

Tensos versos erguem-se

Declinam...

Fartos jogam-se num banco de praça;

Desliza sol abraçando pelas costas.

Escorregando nas encostas,

Há sobras no sobrado onde só sobrei,

Mas há sombras sobre as sobras

Descansarei...

Tiro os causos secos das botas,

Esqueço no gramado,

Descalços pés pedem paz -

Quem viver em mim verá

Que jamais me viu -

Teclas, lixo, lixeira

Vida Ribanceira

TACIANA VALENÇA
Enviado por TACIANA VALENÇA em 10/04/2016
Código do texto: T5600402
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