Enquanto a Dilma se equilibra no fio da navalha, enquanto o Temer esfrega as mãos traiçoeiras, enquanto o Cunha manobra em causa própria, enquanto o juiz prende e divulga grampos como uma fofoqueira rancorosa... Enquanto tudo isso acontece, os tiros ecoam nos bairros do Rio; crianças morrem pelas balas que voam; comunidades descem dos morros em fúria de vingança; temporais submergem a cidade, mas não lavam as almas; funcionários não recebem salário, pois os políticos faliram o Estado; eu escrevo no Facebook como quem lança garrafas ao mar, sem nenhuma certeza de que alguém irá ler... mas continuo ouvindo o eco inútil de quem, como eu, também joga garrafas no mar. Diante dessa vertigem, o mundo gira na roleta russa, num eterno amanhecer e anoitecer, ainda sem decidir se escolherá a luz ou a definitiva escuridão.