BISBILHOTICE
Eu interrogo-me da razão por que bisbilhotamos. Será porque através da bisbilhotice obtemos um vislumbre dos outros? Mas porque deverão ou outros revelar-se a nossos olhos? Porque razão quererão conhecer os outros? Qual será a razão desse extraordinário interesse pelos outros?
Antes de mais, porque razão nos entregamos à bisbilhotice? Trata-se de uma forma de desassossego, não será? Exactamente do mesmo modo que a preocupação, é uma indicação de uma mente desassossegada. Qual será a
razão para interferir com a vida dos demais, e querer saber que eles fazem ou dizem? A mente que se entrega à bisbilhotice tem de ser uma mente bastante superficial, não será? Uma mente inquisitiva, contudo, inadequadamente orientada. Vocês parecem pensar que os outros se revelarão através do interesse que sentem por eles- pelas suas opiniões, pelos seus pensamentos e ações. Mas, poderemos alguma vez chegar a conhecer os outros se não nos conhecermos a nós mesmos? Poderemos julgar os outros se não tivermos nem sequer conhecimento do modo
como pensamos, como atuamos ou nos comportamos? Porque nutrimos tão extraordinário interesse pelos outros? Não será realmente todo este interesse por descobrir, este bisbilhotar sobre o que eles estão a pensar ou a sentir,
uma forma de escape? Isso não possibilitará uma forma de evasão de nós próprios? Não incluirá um desejo de interferir na vida alheia? Não será a nossa vida suficientemente difícil, complexa e dolorosa sem termos que nos entreter ou interferir com a vida dos outros?
Permitir-nos-á a nossa vida ter algum tempo de sobra para pensar neles de forma bisbilhoteira, cruel e feia? Porque o fazemos? Mas, todos o fazem, sabem? Praticamente toda a gente bisbilhota sobre alguém. Mas porquê?
Penso, antes de mais, que o fazemos porque não temos o interesse suficiente pelo nosso próprio processo de pensar e agir. Temos interesse em ver o que eles fazem e talvez até mesmo - para o colocar de forma simpática -imitá-los. Geralmente quando o fazemos é com o intuito de os condenar, contudo, ao alongarmos tal ação de forma piedosa, deverá, talvez, ser com o intuito de os imitar. Mas porque quereremos imitá-los? Isso não será um indicador de uma extraordinária leviandade da nossa parte? Porque só uma mente extraordinariamente estúpida busca assim uma forma de excitação e se devota a procurá-la nos outros. Por outras palavras, a bisbilhotice é uma forma de sensação em que nos tornamos indulgentes, não é mesmo?
Pode ser um tipo de sensação diferente, porém, subsiste este constante desejo de encontrar excitação e distracção. Se penetrarmos profundamente a questão então voltarnos-emos para nós próprios, o que revelará o quanto na
verdade somos extraordinariamente superficiais na procura da excitação exterior ao falarmos sobre os outros. Tenham atenção pela a próxima vez em que bisbilhotarem acerca de alguém; e, se tiverem consciência disso isso indicarlhes- á um terrível defeito pessoal. Não procurem encobrilo com a pretensão de estarem a ser simplesmente inquisidores dos outros, porque isso é uma indicação de um desassossego, uma sensação de excitação, superficialidade e total falta de um profundo interesse pelas pessoas, que
nada tem que ver com a bisbilhotice. Vejam bem, possuímos muito pouco amor, muito pouco afeto e simpatia na nossa vida. E sem simpatia, afeto e
amor podemos muito certamente estar como que mortos. Podeis ser muito brilhantes e capazes de construir uma ponte ou ir à lua, voar num jato a mil e tal quilómetros por hora, porém, se não tiverdes captado a substância da
vida- que significa sensibilidade, sentimento, afeto vitalidade, energia- tornar-se-ão mera roda dentada da vasta maquinaria a que chamamos sociedade; e
infelizmente, todos parecem preocupados em reformar essa roda dentada, essa maquinaria.(...)
Eu interrogo-me da razão por que bisbilhotamos. Será porque através da bisbilhotice obtemos um vislumbre dos outros? Mas porque deverão ou outros revelar-se a nossos olhos? Porque razão quererão conhecer os outros? Qual será a razão desse extraordinário interesse pelos outros?
Antes de mais, porque razão nos entregamos à bisbilhotice? Trata-se de uma forma de desassossego, não será? Exactamente do mesmo modo que a preocupação, é uma indicação de uma mente desassossegada. Qual será a
razão para interferir com a vida dos demais, e querer saber que eles fazem ou dizem? A mente que se entrega à bisbilhotice tem de ser uma mente bastante superficial, não será? Uma mente inquisitiva, contudo, inadequadamente orientada. Vocês parecem pensar que os outros se revelarão através do interesse que sentem por eles- pelas suas opiniões, pelos seus pensamentos e ações. Mas, poderemos alguma vez chegar a conhecer os outros se não nos conhecermos a nós mesmos? Poderemos julgar os outros se não tivermos nem sequer conhecimento do modo
como pensamos, como atuamos ou nos comportamos? Porque nutrimos tão extraordinário interesse pelos outros? Não será realmente todo este interesse por descobrir, este bisbilhotar sobre o que eles estão a pensar ou a sentir,
uma forma de escape? Isso não possibilitará uma forma de evasão de nós próprios? Não incluirá um desejo de interferir na vida alheia? Não será a nossa vida suficientemente difícil, complexa e dolorosa sem termos que nos entreter ou interferir com a vida dos outros?
Permitir-nos-á a nossa vida ter algum tempo de sobra para pensar neles de forma bisbilhoteira, cruel e feia? Porque o fazemos? Mas, todos o fazem, sabem? Praticamente toda a gente bisbilhota sobre alguém. Mas porquê?
Penso, antes de mais, que o fazemos porque não temos o interesse suficiente pelo nosso próprio processo de pensar e agir. Temos interesse em ver o que eles fazem e talvez até mesmo - para o colocar de forma simpática -imitá-los. Geralmente quando o fazemos é com o intuito de os condenar, contudo, ao alongarmos tal ação de forma piedosa, deverá, talvez, ser com o intuito de os imitar. Mas porque quereremos imitá-los? Isso não será um indicador de uma extraordinária leviandade da nossa parte? Porque só uma mente extraordinariamente estúpida busca assim uma forma de excitação e se devota a procurá-la nos outros. Por outras palavras, a bisbilhotice é uma forma de sensação em que nos tornamos indulgentes, não é mesmo?
Pode ser um tipo de sensação diferente, porém, subsiste este constante desejo de encontrar excitação e distracção. Se penetrarmos profundamente a questão então voltarnos-emos para nós próprios, o que revelará o quanto na
verdade somos extraordinariamente superficiais na procura da excitação exterior ao falarmos sobre os outros. Tenham atenção pela a próxima vez em que bisbilhotarem acerca de alguém; e, se tiverem consciência disso isso indicarlhes- á um terrível defeito pessoal. Não procurem encobrilo com a pretensão de estarem a ser simplesmente inquisidores dos outros, porque isso é uma indicação de um desassossego, uma sensação de excitação, superficialidade e total falta de um profundo interesse pelas pessoas, que
nada tem que ver com a bisbilhotice. Vejam bem, possuímos muito pouco amor, muito pouco afeto e simpatia na nossa vida. E sem simpatia, afeto e
amor podemos muito certamente estar como que mortos. Podeis ser muito brilhantes e capazes de construir uma ponte ou ir à lua, voar num jato a mil e tal quilómetros por hora, porém, se não tiverdes captado a substância da
vida- que significa sensibilidade, sentimento, afeto vitalidade, energia- tornar-se-ão mera roda dentada da vasta maquinaria a que chamamos sociedade; e
infelizmente, todos parecem preocupados em reformar essa roda dentada, essa maquinaria.(...)