Seiscentos, oitenta e oito
Quem esse contador pensa que é? Ele é um mentiroso!
Não me leram seiscentas pessoas. Muitos clicaram em minhas páginas por clicar e outros só para agradecer uma lida minha. Às vezes, agradecem o que nem fiz. Também, o que posso esperar? Estou numa sala com escritores de repente leitores, não leitores de repente escritores. Não estou em um livro. Devia aparecer entre parênteses a palavra “clicadas” e não “leituras”.
Se um terço dessas clicadas forem leituras de meus textos, eu já ficaria feliz. Pensando bem, cem, duzentas, trezentas já é muita gente! O contador conta algo. Conta a magia da web. Usemo-nos então como referência. Vou observá-lo de vez em quando. É bom ver esse número aí crescendo. A gente até dá uma forcinha para ele, vendo e revendo algum texto por qual tenhamos nos apaixonado, ou vendo como ele fica bonito comentado. A leitura do próprio autor é riquíssima e deve ser contada mesmo... A quantidade de comentários já é outro caso. O que seria na verdade considerado um comentário? Eles têm tipos dos mais variados. Tem os comentários sobre o texto, esse é o que mais me deixa feliz. Em um mundo acostumado a apenas assistir o mundo, é delicioso ouvir uma crítica. Seja ela qual for. Os comentários de retribuição a favor me dá tristeza. Não faço favores, não foi nada. Eu quis mesmo te ler e seu texto me motivou a comentar, ele estava ótimo, fez-me refletir. Mesmo que meu comentário pareça ridículo, eu gostei. Tem também os comentários por consideração. Amigos são amigos e esses a gente guarda no coração mais a pessoa do que o que está escrito. É um carinho que é muito bom sentir de perto. Os comentários marketing são os mais engraçados. Tem gente que não mede esforços, nem procuram disfarçar não. Estão lá somente mesmo para indicar minha próxima leitura. Ao tempo que me aborrecem por demonstrarem que nem olharam meu texto, faz-me com que eu os leia. E ler é muito bom.
Voltemos para o contador. A palavra contador me lembrou agora uma senhora que escreve por aqui. Ela tem um jeito carinhoso de contar histórias. Lembra-me uma avozinha que me contava histórias quando criança. Qualquer hora voltarei à página dela para ler. É uma delícia ouvi-la. Ela tem um ritmo especial em contar.
Não consigo achar o contador do meu blog. Isso deixa um clima de mistério pairando... Fez-me até escrever um poema meu, o Sem Comentários... Não sei se isso é bom ou ruim. Deve ser bom. Escrever a esmo, falar ao vento, faz com que ultrapassemos barreiras... Teria eu um leitor disfarçado de não leitor? Seria muito engraçado se eu soubesse. Iria adorar saber. Se tivesse, estaria lendo de repente, esse meu texto? O contador me dirá quantos clicaram aqui, mas não me dirá se alguém me leu. Só quem diz isso é o leitor ao manifestar-se comentando, ou seja, só saberei se algum atrevido ousar. Eu adoro quem se atreve. Mas não vou cobrar isso de ninguém. Agora esse contador aí me disse uma coisa importante. Preciso circular por aí, por outros lugares e deixar meu rastro. Mas vou fazer isso porque gosto, não por causa desse contador. Não gosto de contadores.