AS VERBALIZAÇÕES E OS FATOS QUE NOS FUSTIGAM
Há uma fustigante relação entre as verbalizações, as coisas e os fatos que elas irão representar. Para o cidadão que lida com a palavra, sobretudo, essa relação se torna um problema crucial.
O conceito que a palavra tem o dever de atribuir às coisas percorre uma estreita linha até atingir o objetivo de tornar óbvio e compreensível o entendimento. Essa compreensão deve chegar ao leitor de forma nítida, sem desnortear o sentido, a intenção desejada pelo emissor. E sem tentar manipular.
A cosmogonia constitui um mundo tão repleto e complexo, cujas coisas podem embaralhar as palavras e os termos concebidos para conceituá-las.
Bertrand Russel, filósofo inglês do início do sec. XX, esforçou-se para tornar patente um pensamento lógico que tornasse mais evidentes as expressões e os conceitos. O pensador francês Michel Foucault na brilhante obra AS PALAVRAS E AS COISAS imprimiu com sapiência o conceito do verbo.
Os manipuladores da palavra, usando verbalizações, reverberações, verborragias, em muitos momentos confundem o leitor, empurrando-o pela floresta soturna dos vocábulos.
Nesta era de crise política em que as páginas dos jornais se abarrotam de textos, em que os políticos se engalfinham nos parlamentos e nos gabinetes, a palavra é agredida e manipulada sem pudor em meio às mais diversas verbalizações.
Que o poeta não caia no GOLPE dessas falsas retóricas.