balela
Absurdo acordar o dia para nada. A vida, em si, tem um sentido, mas anda latente. Perdi horas e quilômetros de estrada pairando feito poeira, sem assento, sem raiz. Hoje sinto que é preciso mais do que existir, é preciso fazer sentido e não o estou fazendo pra mim.O sangue corre, como o dia. É inevitável. Mas não se apercebe das transversais, das pontes, das esquinas ou dos buracos mal remendados.
Sob luzes trafego, me entrego, não me safo dos olhares comuns que me julgam, me avaliam, e se pudessem, me cuspiam fogo. Não me safo. Nem tento. Se quisesse me esconderia sob as personas, minhas vestes e gestos bem humorados, e pela paz mundial. Ah...
Deixei muita vida pra trás, num impulso repetido. Sempre deixar pra trás... Parece-me que lá é que estão as minhas melhores coisas, meu melhores anos. Aqueles em que tinha a esperança de viver mais à frente. Balela. Ando gostando muito dessa palavra. Balela. Traduz perfeitamente aquilo que é falso, irreal, volátil. Eu heim... balela! Ninguém faz o que diz. Ninguém diz o que é. Ninguém é nada.